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‘Atração fatal’ no Cine Reflexão da Fundec

22 de Março de 2019 às 00:01

‘Atração fatal’ no Cine Reflexão da Fundec Alex (Glenn Close) e Dan (Michael Douglas): drama provocado por uma aventura extraconjugal passageira. Crédito da foto: Divulgação

“Atração fatal” foi dirigido pelo inglês Adrian Lyne e lançado em 1987.

Dan Gallagher é um advogado bem sucedido, bem casado e pai de uma filha. Em um fim de semana em que a esposa viaja com a menina, Dan vive uma aventura amorosa com uma jovem solteira, Alex Forrest. Alex não aceita a condição de ser um caso passageiro na vida de Dan passa a atormentá-lo, empregando uma série de meios para conquistá-lo definitivamente.

Filmes com argumento similar existem vários: o do homem ou mulher que se envolve em caso extraconjugal momentâneo, que entende ser inconsequente, mas que acaba sendo levado a sério pelo amante ou pela amante temporária, que não aceita a rejeição. Muitos filmes relatam situações desse tipo, com perseguições, ameaças às vezes seguidas de violência física, tudo sob um clima de suspense que prende o espectador. Alguns desses filmes são obras da arte cinematográfica, como “Crimes e pecados” e “Match point”, ambos do estadunidense Woody Allen, e “O lobo atrás da porta”, do brasileiro Fernando Coimbra.

Na vida real, muitas vezes só o abandono, independentemente da existência de um terceiro na história, é suficiente para desencadear no indivíduo abandonado uma reação que pode chegar à agressão física ou mesmo ao assassinato, como se pode ver em casos similares amplamente noticiados nos meios de comunicação, principalmente envolvendo homens rejeitados.

A análise da personalidade de Alex é a tarefa mais interessante para o espectador do filme. Quando analisei “O lobo atrás da porta” nesta coluna, escrevi sobre o “Desejo do Outro”, um conceito da psicanálise lacaniana, que é o desejo de ser amado, de ser reconhecido como singular, de saber que tem um significado para o outro; escrevi também que o abandono pelo indivíduo amado pode ocasionar no abandonado sensações de desamparo, desespero, de ódio que podem levar à destruição do parceiro. É o que a amante tenta fazer com Dan.

O comportamento adulto de dificuldade de perder o objeto de amor é estruturado nos primeiros tempos de vida da criança, em sua relação com a figura materna -- esta entendida como a mulher ou o homem que exercem a função simbólica da mãe, que é a do primeiro socorro do filho. O vínculo profundo de mãe e filho deverá ser superado pela experiência da separação. Para a criança é fundamental a presença e também a ausência da mãe. Sem essa alternância, a presença pode se tornar sufocante e persecutória e a ausência pode se converter em abandono. A presença da mãe deve deixar espaço para a ausência. A mãe sempre presente é uma representação patológica da mãe. O fato de ela se manter também como mulher é a salvação dela e do filho e, quando isto não ocorre, as eventuais experiências de separação da vida adulta poderão se dar em um clima de grande sofrimento e até mesmo de violência e agressividade em graus variáveis de intensidade. É o que ocorre neste “Atração fatal”.

O filme homenageia clássicos do suspense, como Hitchcock de “Psicose” e Henri-Georges Clouzot de “As diabólicas”.

Serviço

Cine Reflexão

“Atração fatal”, de Adrian Lyne

Hoje às 19h

Sala Fundec (rua Brigadeiro Tobias, 73)

Entrada gratuita