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As alergias aumentam no inverno

17 de Julho de 2019 às 00:01

Mário Cândido de Oliveira Gomes

No inverno, os portadores de alergia pioram, em virtude do clima seco, maior poluição decorrente da inversão térmica, que impede a dispersão dos poluentes ou infecção por vírus, principalmente nas crianças. Também as queimadas ou os fungos. Por isso triplica a incidência das alergias respiratórias, como rinite e asma. Nesse período também é maior o uso de cobertores de lã e vestimentas, que acumulam pó e ácaros. O clima seco resseca as membranas (mucosas) que revestem e protegem as estruturas da boca, nariz e pulmões, pela secreção de muco e imunoglobulina do tipo IgA. Por sua vez, o muco envolve os germes e as partículas estranhas que invadem o aparelho respiratório, sendo eliminadas pelas narinas ou absorvidas pelo sistema digestivo.

O frio também atrapalha o movimento dos cílios que revestem o trato respiratório, ajudando a expulsar o muco. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 30% da população mundial sofre de alergia. Somente a asma brônquica é responsável por quase 16 milhões de pessoas, sendo, inclusive, a quinta maior causa de internação pelo SUS. Por outro lado, a higiene do meio ambiente é de grande importância para as doenças alérgicas, pois evitam as manifestações da doença ou diminuem sua intensidade. Assim, independentemente do tratamento com remédio, algumas medidas podem ser tomadas para manter a higiene ambiental na residência do alérgico, como, por exemplo: no dormitório deve-se encapar os colchões e travesseiros com material impermeável, para permitir a lavagem a cada 3 ou 4 semanas ou capa especial antiácaros; lavar as roupas de cama uma vez por semana; limpar as cortinas e pisos com pano úmido e desinfetante suave, principalmente os carpetes, duas vezes por semana, afastando o alérgico do ambiente por 30 minutos, assim como manter a superfície dos móveis livres de objetos e roupas ou papéis dentro de armários.

Nas demais dependências da residência é recomendado o uso de estofados de couro ou similar, visando facilitar a limpeza com pano úmido. Os cômodos devem ser bem ventilados e expostos ao sol, evitando o contato com os animais domésticos, principalmente os cães e gatos. Lembrar sempre que nem todo sibilo ou chiado no peito faz o diagnóstico de asma brônquica, assim como nem toda rinite é de fundo alérgico. Não esquecer, ainda, que a asma pode se manifestar somente com tosse seca, repetitiva, que inferniza a vida dos pais e familiares. Na dúvida, consultar um especialista para fazer os testes necessários, como os de contato e escarificação. No inverno também é frequente o aparecimento de infecções respiratórias causadas por vírus (gripes) e bactérias, que complicam os portadores de alergia respiratória.

A doença começa como virose, sofre infecção secundária por bactérias e, finalmente, eterniza os sintomas sob a forma de doença alérgica. Por isso, as crises de asma não cessam sem a eliminação do processo infeccioso e vice-versa. Assim como a primavera desperta as manifestações respiratórias das doenças alérgicas, em virtude do pólen das gramíneas suspenso no ar e disseminado pelas correntes de vento, no inverno a piora acontece pelo clima, poluição, inversão térmica e contato com lã. Portanto, todo cuidado é pouco.

Artigo extraído do livro Doenças - Conhecer para prevenir (Ottoni Editora), de autoria do médico Mário Cândido de Oliveira Gomes, falecido aos 77 anos, no dia 6 de junho de 2013.