Buscar no Cruzeiro

Buscar

Viver e conviver com artrite

21 de Agosto de 2019 às 00:01

Mário Cândido de Oliveira Gomes

Não é fácil viver com artrite, porém, saber conviver é preciso, a fim de amenizar o sofrimento do processo doloroso. Nos Estados Unidos, 40 milhões de pessoas sofrem de algum tipo de artrite, sendo que 50% estão acima dos 65 anos de idade. Além da dor crônica, o portador de artrite precisa lutar contra a limitação dos movimentos nas atividades diárias. Atualmente existe uma série de tratamentos e opções de manejo disponíveis para ajudar o “reumático” a levar uma vida quase normal. A palavra artrite significa inflamação das articulações, que ocorre em mais de 100 doenças que causam dor, rigidez e inchaço das articulações. Tais enfermidades comprometem, além das articulações, outras partes do organismo, como músculos, ossos, tendões, ligamentos e órgãos internos. As formas mais comuns são: osteoartrite, artrite reumatoide e artrite infecciosa.

A osteoartrite (osteoartrose) provoca desgaste da cartilagem protetora das articulações, privilegiando os joelhos e os quadris. Para manter o equilíbrio o organismo reage criando saliências ósseas, conhecidas pelos nomes populares de esporões, bico de papagaio etc. Na artrite reumatoide o sistema imunológico (anticorpos) ataca o revestimento das articulações (sinovial), provocando a proliferação de um tecido espesso (pannus), que invade as cartilagens, ossos e ligamentos. A característica mais importante desta doença é a deformidade dos pés e das mãos, que recebe vários nomes após meses de evolução, como “dedos em botoeira”, “pescoço de cisne”, “em ventania” etc. A artrite reumatoide ocorre em 1% da população, sendo 0,56% entre nós.

O principal representante da artrite infecciosa é a febre reumática, que é causada por anticorpos produzidos contra os germes da garganta (estreptococo etc), agredindo as juntas (artrite), o coração (cardite) e o sistema nervoso (coréia). É conhecida, ainda, por “reumatismo no sangue”, pois os testes que detectam os citados anticorpos são realizados com exames de sangue (Aslo, proteína C reativa etc). Os sinais mais comuns indicativos de artrite são: aumento de volume de uma ou mais articulações; rigidez matinal, com duração igual ou superior a 30 minutos; dor e hipersensibilidade articulares persistentes; incapacidade de mover normalmente a articulação; vermelhidão e calor na articulação, perda de peso, febre, fraqueza e dor articular sem explicação.

Mas o principal sintoma é a dor, que causa grande sofrimento e amolação. Por isso, saber lidar com a dor da artrite ajuda a amenizar o problema e permite uma vida de melhor qualidade. Para isso é preciso que o reumático tenha 8 a 10 horas de sono por noite, use regularmente as medicações prescritas por seu médico, faça anotações diárias da dor e das alterações de humor para discutir com o profissional, participe de um grupo de apoio e mantenha-se informado sobre tratamentos atualizados para a dor da artrite. O tratamento da artrite inclui: exercícios físicos, que ajudam a reduzir a dor e a rigidez articular, aumentam a flexibilidade, a força muscular e a resistência; dieta balanceada, que permite manter um peso saudável, pois o excesso de peso exerce maior pressão sobre as articulações e pode agravar algumas formas de artrite; calor e frio, que favorecem a redução da dor e inflamação; medicações, que fornecem alívio da dor e da inflamação, variando com o paciente e com a doença; repouso e relaxamento, que mantêm o equilíbrio entre o repouso e a atividade diária; dispositivos ortopédicos de auxílio (splints ou órteses), que podem ajudar a conter as articulações enfraquecidas ou permite o repouso e; finalmente, cirurgia, para o reparo das articulações lesadas. A artrite é um transtorno crônico, progressivo, sistêmico (vários setores do organismo) e inflamatório, que atinge principalmente as articulações de adultos de meia-idade. Para orientação futura é fundamental o diagnóstico correto, pois existe uma centena de reumatismos ou artrites, devendo os pacientes apreender a viver e conviver com a enfermidade.

Artigo extraído do livro Doenças - Conhecer para prevenir (Ottoni Editora), de autoria do médico Mário Cândido de Oliveira Gomes, falecido aos 77 anos, no dia 6 de junho de 2013.