Aprendizagem híbrida no retorno às aulas
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Bruno Ferrari
Com o impacto da Covid-19 na educação, as escolas foram forçadas a se reinventar e aplicar métodos alternativos para a entrega de conteúdos no dia a dia, possibilitando a continuidade das aulas e a formação dos alunos.
Mesmo após o retorno do ensino presencial, o formato remoto continuará sendo uma realidade para os professores e estudantes, que passarão a adotar a aprendizagem híbrida na rotina escolar. Sendo uma opção mista de estudo, essa metodologia une a aula presencial e a distância. Dessa forma, ela permite que o aluno aprenda de forma on-line ou em sala de aula, sempre interagindo com os colegas de classe e com o professor.
Para que as aulas virtuais fujam um pouco do tradicional e despertem mais interesse e engajamento dos alunos, implementar o ensino maker pode ser uma ótima alternativa. Além de cumprir com o objetivo anterior, ele estimula o desenvolvimento dos jovens e crianças.
Baseado no conceito “faça você mesmo”, que tem como princípio aprender colocando a mão na massa, o ensino maker propõe um aprendizado por projetos a partir da construção de protótipos. Desta forma, ganham ainda mais força quando são apresentadas de forma integrada com a grade curricular da escola.
Colocar a mão na massa para construir e desenvolver as atividades com as próprias mãos também é uma forma de ensino por meio da aprendizagem híbrida, pois envolve o desenvolvimento prático por meio da tecnologia. Tais atividades ainda ajudam na solução criativa de problemas que os jovens podem vivenciar no dia a dia ou no futuro, além de desenvolver competências socioemocionais, previstas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), como empatia, colaboração e autonomia.
Vale lembrar que antes da pandemia, a aprendizagem híbrida era um diferencial utilizado por poucas escolas, mas, para que as instituições de ensino possam retornar presencialmente de forma segura, será a alternativa mais plausível. Vendo que os jovens já estão inseridos no meio digital e que 65% dos alunos de escolas públicas e particulares brasileiras utilizam a internet para realizar trabalhos escolares a distância, o ensino tecnológico será um ótimo aliado quando implementado oficialmente.
O debate agora é como esse modelo será indispensável no “novo normal”. Será realmente necessário que os alunos fiquem com o mesmo número de aulas e carga horária dentro de uma sala de aula? Em todo esse período, o professor oferece, de fato, a atenção que os estudantes precisam? Por que não integrar a educação ao meio digital? Com certeza, todos esses questionamentos são válidos e acredito que seja um momento propício para debatê-los.
Obviamente, a ideia é que essas atividades sejam complementares ao que é trabalhado em sala de aula. Para que isso aconteça de forma permanente, é preciso que os professores engajem os estudantes e participem diretamente do desenvolvimento deles.
Além disso, a eficácia da implementação da aprendizagem híbrida também passa pela mudança no currículo, na infraestrutura e na gestão das escolas, incluindo a reestruturação do plano pedagógico e adaptação dessa metodologia por parte de todo o corpo docente. Feito todo esse processo, toda a comunidade escolar se beneficiará com a implementação desse novo formato.
Bruno Ferrari é diretor de Pesquisa e Desenvolvimento do Nave à Vela.