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‘Amantes’ inicia série de filmes espanhóis

02 de Agosto de 2019 às 00:01

‘Amantes’ inicia série de filmes espanhóis Luisa (Victoria Abril) e, de costas, Paco e Trini: triângulo amoroso que faz refletir sobre os paradoxos do amor. Crédito da foto: Divulgação

Nildo Benedetti - [email protected]

O Cine Reflexão exibirá neste mês de agosto quatro filmes de diretores espanhóis, produzidos entre 1973 e 1999 e que tratam de temas diversos.

Durante quase quatro décadas, o cinema espanhol foi submetido a uma rígida censura imposta pelo regime ditatorial fascista, conhecido como franquismo, comandado pelo generalíssimo Francisco Franco. Franco se tornou ditador como consequência da sangrenta Guerra Civil Espanhola, que durou de 1936 a 1939.

O franquismo censurava críticas à Igreja, referências a Franco, à Guerra Civil Espanhola e frases e passagens sexualmente explícitas ou imorais segundo os padrões do regime. Em 1969, Franco designou o príncipe Juan Carlos I como seu sucessor. Contudo, após a morte do ditador, em 1975, Juan Carlos assumiu o governo e promoveu a transição para a democracia e a censura foi abolida.

No final dos anos 70 e início dos anos 80, o cinema começou a se expandir dentro de sua liberdade recém-descoberta. Com isso, adquiriu grande prestígio nacional e internacional e muitos diretores se tornaram conhecidos do público, como Pedro Almodóvar e os diretores dos quatro filmes que serão apresentados na Fundec, além de outros cineastas igualmente importantes. A Guerra Civil e seus efeitos posteriores foram retratados na obra de vários diretores, como veremos nesta série de filmes, mas temas que refletem os problemas da sociedade espanhola de modo geral ou mais íntimos e pessoais também passaram a ser abordados.

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Passemos ao filme de hoje, “Amantes”, de 1991, do diretor catalão Vicente Aranda.

Estamos na década de 1950. Trini é uma jovem nascida no campo, que trabalha como empregada na casa de um comandante militar do regime franquista. Seu namorado é Paco, que depois cumprir o serviço militar, retorna à vida civil. Hospeda-se em um quarto de apartamento de uma viúva, Luisa, uma mulher com larga experiência de vida, que exerce algumas atividades ilícitas para ganhar dinheiro. Como interiorano que vai à capital, o inexperiente Paco imediatamente sucumbe aos avanços de Luisa; ela e o jovem principiam um relacionamento. Hesitante de início, ele termina por se envolver nas atividades ilegais da amante.

Luisa é um exemplar do que Slavoj iek chama de nova femme fatale. Diferentemente da femme fatale da década de 1940, como Rita Hayworth, ela se caracteriza por agressividade sexual frontal e pela mercantilização de si mesma. Trini, por outro lado, é em tudo oposta a Luisa. É uma católica, inexperiente da vida e apaixonada por Paco. Seu amor pelo namorado é incondicional, de compreensão; quer cuidar dele e lhe dar uma vida feliz e estável, com filhos. Faz planos otimistas sobre seu futuro com o namorado.

“Amantes” é um drama paradigmático para visualizar algumas das estranhas facetas do amor. Luisa, Trini e Paco vivem as emoções e os sentimentos que, de uma forma ou de outra, se apresentam nos triângulos amorosos e que vão evidenciando as características psicológicas dos participantes.

Serviço

Cine Reflexão

“Amantes”, de Vicente Aranda

Hoje, às 19h

Sala Fundec (rua Brigadeiro Tobias, 73)

Entrada gratuita