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Confira a crônica desta sexta-feira: 'Ai que medo!'

26 de Outubro de 2018 às 09:04

Todo mundo tem medo. É primitivo e pega a gente em algum momento da vida. Quem não teve medo do homem do saco, hambúrguer de minhoca, medo do escuro, de barata, de altura, aranhas, cemitério, caixão, avião, mostarda amarela e coisa mole? O medo nos persegue. Um dos medos mais comuns é o medo da sogra. É a Penterofobia. É só ouvir falar em sogra que dá arrepio na espinha.

Em tempo de eleição, segundo matéria do Jornal do Brasil, a psicóloga Tatiana Bacic Olic (JB - on-line de 22/10/18) relatou pacientes à procura de ajuda devido a atual disputa eleitoral dos candidatos à Presidência: medo do dia seguinte. Um medo dos tempos da guerra fria que as eleições tornaram tão ameaçador quanto um conflito nuclear: o dia seguinte à eleição. E, considerando o perfil e programas dos candidatos, seria sorte termos uma guerra nuclear, pois haveria chance de o Brasil sobreviver depois.

Para os gregos, Fobus (Pânico) era filho de Ares, o Deus da Guerra; para Freud o medo é resultado de experiências negativas na infância que podem ser fortalecidas ao longo da vida como encarar o imposto de renda, pagar o IPVA do seu carro, o IPTU da sua propriedade ou as mensalidades escolares. Os horrores são infinitos para quem vive no Brasil e o pior deles é o holerite ou contracheque, ao abri-lo descobre-se o pior dos medos: ser assalariado pobre.

Um dos medos mais estranhos é a “Crematofobia”, medo de tocar em dinheiro, fobia jamais encontrada na maioria dos nossos políticos e banqueiros, principalmente se o dinheiro for do outro. Outro medo atual é a Triscaidecafobia, aversão ao número 13, bastante justificado, por mais de 13 anos todos os dias foram sexta-feira 13 no Brasil. Tem ainda a Coulrofobia, medo de palhaços: alguém com esse medo deve evitar assistir às sessões da Câmara Federal ou ser vítima de um ataque de palhaçada ao ouvir sobre decoro de parlamentares presos atuando no Congresso.

Se tem um medo que não acomete muitos homens públicos é Catagelofobia ou medo do ridículo. Ridículo seria esperar isso. Há medos que instigam a curiosidade: Aletrorofobia, medo de galinhas, nunca convide esse fóbico para uma galinhada, dará pena do sujeito. Pior só a Anatidaefobia, medo de ser observado por patos! Imagine alguém com ataques de pânico porque patos o observam? E como saber quando um pato nos observa? É Pato lógico. O medo não é racional. Já a Autofobia é medo de si mesmo, para estes vale o ditado inverso: estou só e mal acompanhado. Tem até a Narigofobia, medo de narizes, provavelmente é alguém que “futucou” demais o nariz na infância e nunca poderá usar óculos. Se tais fobias têm nomes difíceis e você não se encaixa em nenhuma dessas saiba que existe o Singenesofóbico ou medo de parentes: desse pouca gente escapa. Quer um exemplo:

-- Cunhadão! Você pode me emprestar um dinheiro?

(Sentiu o pavor?)

Já a Ablutofobia é o medo de tomar banho. Pessoas que ficam meses, anos sem banho, pessoas muito populares entre as moscas e por abrirem lugares em filas e espalhar rodinhas, dando origem aos Olfatofóbicos e aos Onibuslotadosfobia. Alguns adolescentes provocam essa fobia com seus tênis.

Das fobias, a de falar em público, a Glossofobia, supera inclusive o medo da morte. No caso da ex-presidente Dilma, o medo é que ela não sobreviva ao próprio discurso. Por sorte não há fóbicos por postes, mas se na plateia houver alguns Estupofóbicos, aqueles que têm medo de pessoas estúpidas, a ex-presidente correrá risco de vida.

Finalmente há os Hipopotomonstrosesquipedaliofobia, fobia de nomes ou palavras grandes, pouco frequente, já de palavras curtas -- ainda não classificadas -- há uma que provoca horror e pânico em muita gente: Moro.

Não existe mulher baixinha o que existe é mulher concentrada!

José Feliciano - Escritor -- roteirista de humor e mistério -- Médico, dr. de anedota.