Buscar no Cruzeiro

Buscar

‘A mulher do lado’ trata de paixão destrutiva

11 de Outubro de 2019 às 00:01

‘A mulher do lado’ trata de paixão destrutiva Mathilde (Fanny Ardant) e Bernard (Gérard Depardieu): amor intenso e destrutivo. Crédito da foto: Divulgação

Nildo Benedetti - [email protected]

O diretor e roteirista francês François Truffaut (1932-1984) foi um dos grandes nomes da história do cinema do século 20. Dirigiu mais de vinte filmes, conseguindo na maior parte deles conciliar sucesso de público e de crítica. Seus filmes tratam de vários temas, dentro os quais o amor em seus diversos aspectos e variantes. Em vários de seus filmes atuou também como ator.

Um homem, Bernard, vive com a mulher um casamento feliz. Ele é um pai atencioso e cuidadoso com a esposa e o filho. Mas sua vida muda quando a casa ao lado daquela em que vive passa a ser habitada por um outro casal. Ele é surpreendido ao reconhecer em Mathilde, a mulher do novo inquilino, sua antiga paixão. O relacionamento, pelo que entendemos, havia sido ardoroso e, ao mesmo tempo, tempestuoso, e a separação havia ocorrido deixando ferida nos dois lados.

As duas famílias passam a se frequentar. Bernard e Mathilde se comportam como se estivessem se conhecendo naquele momento, mas, discretamente, Mathilde tenta atrair Bernard enquanto este procura fugir à reaproximação da moça; por isso, quando a esposa de Bernard convida os novos vizinhos para jantar, ele arranja uma desculpa e não comparece; ele também sugere à mulher que saiam de férias por uns dias.

Casualmente, Bernard e Mathilde se encontram no supermercado local e secretamente começam a se relacionar. Em pouco tempo, o caso amoroso do passado é reiniciado e se torna tão intenso que chegam a cometer erros que ameaçam destruir os respectivos casamentos. Como sempre sucede em relações desse tipo, os personagens mentem para as famílias e também um ao outro. Surgem o ciúme, as agressões verbais e até físicas. Depois que Mathilde decide romper a relação extraconjugal, Bernard perde o controle em uma reunião social.

Os principais personagens de “A mulher do lado” são pessoas comuns vivendo vidas normais e estáveis. Mas, o antigo relacionamento ressurge avassalador. Em grande parte do filme assistimos à luta dos dois protagonistas para se afastarem e, ao mesmo tempo, ao esforço que fazem para controlar seus sentimentos que os chamam inexoravelmente na direção do outro.

A mulher do lado, de 1981, é o penúltimo filme de Truffaut e é um drama de amor. Começa com a narrativa -- pela proprietária de um clube de tênis da periferia de Grenoble, na França -- dos trágicos acontecimentos que envolveram o adultério de um homem e uma mulher casados. Com o desenrolar do filme, saberemos que a narradora havia passado por uma experiência amorosa igualmente intensa e com vários incidentes semelhantes aos de Bernard e Mathilde. A revelação inicial do caso extraconjugal de Barnard e Mathilde leva o espectador a procurar, durante todo o desenrolar do filme, os elementos que possam ter levado o relacionamento amoroso à tragédia anunciada no início. Essa técnica narrativa caracteriza os filmes de suspense, dos quais o grande mestre foi Alfred Hitchcock, diretor apreciado por François Truffaut.

Serviço

Cine Reflexão

“A mulher do lado”, de François Truffaut

Hoje, às 19h

Sala Fundec (rua Brigadeiro Tobias, 73)

Entrada gratuita