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A influência das singularidades do aluno no processo de aprendizagem

24 de Dezembro de 2019 às 00:01

Agnes Cristine Alves, com Catarina André Hand e Isabelle Cristine Toledo Roque

A participação no Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid) foi o que nos possibilitou esta reflexão do ambiente escolar em caráter profissional.

Antônio era um garoto de 8 anos. A maioria dos alunos de sua turma já estava alfabetizada, enquanto ele ainda apresentava dificuldades em tarefas que envolviam leitura e escrita. Não conseguia identificar determinadas letras, recusava-se a participar das atividades, aparentava estar constantemente cansado, além de apresentar grande número de ausência.

No decorrer das aulas, Antônio fazia pequenos desabafos que nos fez entender que seu interesse estava sempre em inventar situações que trouxesse um pouco de dinheiro e/ou alimentos para sua casa.

-- Minha mãe está desempregada, está faltando comida e eu preciso ajudar.

Torna-se, então, evidente que Antônio não conseguia se concentrar nas atividades propostas por conta dos conflitos que vivenciava fora da escola.

Não só Antônio, mas grande parte dos alunos com dificuldades escolares possuem atritos mal resolvidos em determinadas áreas de suas vidas. Atritos esses que podem ter maior proporção quando o profissional da educação não se atenta a ver o aluno como o sujeito de sua aprendizagem. Toda prática educativa demanda a existência de sujeitos que devem ser respeitados em suas singularidades.

A educação por muito tempo atribuiu aos educandos o papel de receptores do conhecimento, valorizando apenas o aspecto cognitivo, negligenciando a experiência de vida que esses traziam para a sala de aula. Hoje, sabemos a importância de conhecer a realidade vivida pelo aluno, pois ela implica sua formação de modo integral. Quando o processo da aprendizagem se torna significativo, ou seja, que faça sentido para o aluno, possibilita um aprendizado duradouro e aplicável em suas práticas cotidianas. Quando o professor conhece a realidade do aluno passa a adequar as experiências de aprendizagem ao contexto da criança.

Segundo Paulo Freire, o processo ensino/aprendizagem é especificamente humano, por isso político, e exige do professor um saber de sua natureza e saberes especiais, ligados à sua atividade docente.

Assim como uma pessoa é diferente da outra, o processo de aprendizagem se faz de maneira singular. O educador que considera a diversidade, vê em sua prática de ensinar o desafio de entender como cada aluno aprende, considerando suas dificuldades e motivações.

Ter esse olhar sobre o trabalho é necessário para que o professor busque novos meios de atrair, incluir e motivar os educandos na construção de sua própria aprendizagem, levando em consideração os aspectos físicos, emocionais, sociais, culturais, econômicos e cognitivo dos discentes. Partindo desse princípio, elaborara-se atividades que possam suprir as necessidades singulares e coletivas dos discentes. Passa-se a dar ênfase para a realidade vivenciada pelos alunos fora do ambiente escolar. Em consequência disso, o vínculo professor-aluno reestrutura-se, havendo cooperação entre ambos. Os educadores passam a ter um olhar mais sensível em relação aos alunos, estimulando a expressão, criticidade, autonomia e respeitando suas peculiaridades. Os alunos, por sua vez, tendem a reagir de forma positiva, resultando em mudanças comportamentais e progresso na realização das atividades propostas.

Catarina Hand é mestra em Educação, Professora e Coordenadora do Subprojeto PIBID/Pedagogia na Universidade de Sorocaba. Agnes Cristine Alves e Isabelle Cristine Toledo Roque são alunas do curso de Pedagogia e bolsistas do Pibid na Universidade de Sorocaba.