A Guarda Civil e a família Juncioni
Crédito da foto: Arquivo de Família
Vanderlei Testa
A cidade de Casa Branca fica a 250 quilômetros de Sorocaba. Vamos viajar no tempo e na história dos anos 30. Usar a imaginação e os sentimentos. Foi lá que o menino Cláudio Juncioni nasceu em 1906. O pai da Ana Maura. Sua vocação começou na infância com alguns objetos de madeira que usava para brincar de policial. Ele via os policiais da época com uniformes bonitos e queria ser igual aqueles heróis. E com o tempo passando o Cláudio foi alimentando esse sonho até ingressar na Guarda Civil, em São Paulo, capital. Da cidade de Pedregulho a Maria Russi era predestinada a conhecer o Cláudio. Foi aquele “olho no olho”, paixão e amor à primeira vista. Sua beleza tocava o coração do Cláudio que não vacilou em pedir namoro, noivar e casar. Com o salário da Guarda Civil, Cláudio e Maria conquistavam mais inspiração em seguir os chamados de Deus para o matrimônio. Vieram os filhos. Com a família em formação havia a necessidade de buscar novos desafios para o casal. Foi assim que no final dos anos 1940 Sorocaba aparecia na vida deles. Surgiu uma oportunidade especial de transferência de São Paulo ao policial Cláudio que atuava como subinspetor. Ele não vacilou em aproveitar a oportunidade. Aceitou a mudança de cidade. Veio morar na Rua Fernão Sales, 492, no bairro Além Ponte. Um dos quartinhos ganhou um mapa-múndi para os filhos estudarem. Os filhos João Gilberto e Paulo Antônio estão no paraíso gozando da plenitude da vida eterna e da ressurreição. Luiz Francisco, chamado carinhosamente de “Nene”, atualmente reside em São Paulo. E a Ana Maura Juncioni Felamingo em Sorocaba.
Tudo era novidade à família Juncioni. Sair de São Paulo com dois milhões e duzentos mil habitantes para Sorocaba, com 94 mil moradores, seria uma etapa a ser vencida. Em poucos dias na nova casa, Maria e Cláudio conquistaram amizade com a vizinhança. As famílias de Davi Medina e Isabel Medina Cosas foi a primeira no acolhimento. Esse casal se tornou amigo a ponto de ser convidado e aceitou a apadrinhar a Crisma do filho Paulo Antônio, ato presidido por Dom José Carlos de Aguirre. E a união de amizades continuou com os quatro filhos de Isabel e Davi: Sidneu, a Quinha, Luci e Marlene. Outros vizinhos dos Juncioni são os irmãos Sanches Molina: Jairo, Jair, Jurema. Uma das amiguinhas da Maura com os seus seis anos de idade é a Jurema Sanches. Fui buscar informações com a Jurema. Ela me contou que ia junto com a Maura para o Parque Infantil no final da av. Nogueira Padilha. Jurema nunca mais teve contato com a Maura nestes mais de 60 anos. Vou proporcionar esse encontro depois da quarentena. Ao recordar da vizinhança a Maura citou a dona Fina, o seu Manoel e a família João Sola. Amigo de seu pai no trabalho na Guarda Civil o policial Israel, sua esposa Zaira e filha Eliana fazem parte de décadas de amizade. Relembrando sua infância a Maura se emociona ao guardar os detalhes da sua primeira Eucaristia na Igreja do Bom Jesus. O Grupo Senador Vergueiro e a sua primeira professora Maria do Rosário Mesquita de Oliveira tem um lugar carinhoso no coração da Maura. No 1º ano escolar a nota máxima da classe foi da Maura. Ela não imaginaria que esse mérito seria recompensado com um presente da professora. Ela guarda o livro com dedicatória até hoje. Dias depois de a nota obtida, eis que a professora Maria do Rosário aparece em sua casa. Naquela época não tinha campainha. Bateu palmas. Logo depois de ouvir as palmas, a mãe da Maura pediu a ela para ir ao portão ver quem era. Deu de cara com a sua professora que, com um sorriso, falou: “oi Maura, “vim trazer um presente para você“. Era o livro ”O Cavalo Encantado”. Abriu o portão, pegou o exemplar e meio sem jeito como criança, agradeceu e viu a professora se afastar. Maura entrou correndo para dentro de casa e contou à sua mãe o ocorrido. “Mas, filha, porque você não a convidou para entrar?” Maura voltou rápido ao portão, mas já era tarde. A professora estava longe. “Coisas da infância”, como me disse a Maura.
No segundo ano do grupo escolar seu pai Cláudio, já como inspetor-chefe da Guarda Civil em Sorocaba, foi transferido para São Paulo. Novos desafios para seguir sua nobre missão de policial. Imagino a tristeza dos filhos em mudar novamente e deixar amiguinhos e escola. Até os oito anos de idade a Maura viveu sua infância na cidade. E nas voltas do planeta Terra e providência divina, eis que na fase adulta a Maura conheceu o José Carlos Felamingo. Casou. Moraram em São Paulo e depois em Sorocaba a partir de dezembro de 2000. Eles são pais do Fabrício, Giovana e Débora. A neta Mariana, como a avó Maura, também é sorocabana de nascimento.
E fica neste final do artigo a homenagem à extinta Guarda Civil e alguns de seus valorosos policiais: Silvio Bonassi, Cel. Franquis, Miguel Guazzelli, Florindo Favara, Edgard Roque, Julio Casas, José Vargas, Osvaldo Corrá, João Funes, João Marchi, Trave Benites e José Rodrigues Abreu, o “Tim”. Rosana de Abreu Pegoretti me contou que seu pai Tim está aposentado como Major PM. Com o retorno de Cláudio Juncioni para São Paulo a casa da rua Fernão Sales 494 foi vendida à família do Luiz Sant’Ana. E por incrível que possa parecer, desde a mudança do Cláudio Juncioni o Luiz que era criança na época, continua morando há 68 anos no mesmo endereço: rua Fernão Sales, 494. Quem me contou foi sua filha Alessandra Bonvini Sant’Ana. Já a Marlene Medina, é filha da Isabel e Davi Medina. É mais uma amiga que ganhei pesquisando esta história.
Vanderlei Testa jornalista e publicitário escreve às terças-feiras no Cruzeiro do Sul e aos sábados no www.facebook.com/artigosdovanderleitesta e www.blogvanderleitesta.com