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A Filomena venceu a vaidade humana

28 de Julho de 2020 às 00:01

A Filomena venceu a vaidade humana Crédito da foto: Vanderlei Testa

Vanderlei Testa

Vai à idade e a vaidade vem junto. Acredito que a maioria das pessoas deste mundo é vaidosa em alguma coisa. Faço parte com as minhas vaidades. No livro chamado Eclesiastes, nome do filho de Davi, rei de Jerusalém, há uma afirmação “vaidade das vaidades”! “Tudo é vaidade”. O amigo monge beneditino Isidoro, me presenteou em 19 de setembro de 1995 com as Regras de São Bento. Esse exemplar é considerado um código de vida monástica. Foi composto há mais de 14 séculos e continua sendo a alma dos mosteiros. É dedicado àqueles que deixam suas vaidades humanas para se entregar à vida religiosa. Fico imaginando os milhares de habitantes no mundo que abandonaram seus bens e comodidades familiares, deixando na sua entrada ao Mosteiro de São Bento tudo o que lhe pertenciam. Com o corpo nu, ganham as vestes beneditinas e suas túnicas e assumem o juramento da entrega total, sem vaidades ou posses pessoais.

No caso do Mosteiro de São Bento, as regras são claras. No capítulo cinco, a obediência é o destaque. Cita a regra que o primeiro grau da humildade é a obediência sem demora. Dom Mathias, atual Abade do Mosteiro de São Bento, em São Paulo na capital, abriu mão de tudo, como engenheiro formado pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), para se dedicar de corpo e alma à sua missão de monge beneditino. Deixou as vaidades do mundo moderno e de sua vida anterior ao mosteiro, para ser unicamente um servo a cumprir sua missão e chamado divino.

Coloquei uma pergunta na rede social: “qual a sua vaidade?”. Entre as respostas que recebi, uma delas é “cozinhar de batom”. Sapatos com saltos altos. Unhas das mãos e dos pés. Outra resposta de uma amiga enfatizou que a sua vaidade são os cabelos. Um “xodó” complementou a Elza. E a Lucimar, destacou: “não posso ver meus cabelos brancos e já passo tinta”. Joias e bijuterias. Brincos, vestidos. Tem até uma resposta de uma jovem que “tudo nela é vaidade”. E uma infinidade de itens foi citada pelas mulheres. Já os homens ficaram com carros, roupas, cabelos. Para muitos, vaidade é como um “pecado mortal”. Elas e eles ficam com medo de contar ao amigo por ser vaidade pessoal e não compartilham.

O contrário da vaidade é o anonimato. A simplicidade de um ser humano sempre foi algo admirável. Os chamados santos buscaram em suas vidas essa filosofia de comportamento. E por seus testemunhos anônimos conquistaram o reconhecimento divino. Incrível como há exemplos maravilhosos ao qual incluo Santa Filomena. Escrevi um livro sobre a sua vida de renúncia à vaidade humana.

O livro “Amigos de Santa Filomena” colocado à venda no site www.santuariosantafilomena.com.br tem renda total às obras de construção do santuário de Sorocaba. Relato um pouco da história da menina Filomena de treze anos que foi morta por ordem do imperador Diocleciano. O imperador ofereceu riqueza e poder à jovem Filomena, com a condição de se casar com ele. Como ela negou o pedido aos seus pais, preferindo entregar a sua vida a Jesus, acabou passando por inúmeras agressões quase fatais. A vaidade dos bens do palácio e da riqueza e ostentação junto as suas amiguinhas ricas, não a convenceram a aceitar essa proposta do matrimônio. Filomena que significa “Lumina ou luz” foi decapitada. Muitos séculos depois, em 24 de maio de 1802, seu corpo foi encontrado nas catacumbas com três placas identificando sua origem. Hoje suas relíquias estão depositadas em Mugnano del Cardinale, na Itália, em uma Igreja santuário a ela dedicada, onde ocorrem verdadeiros milagres. Em Sorocaba também vejo acontecer tais graças e relato no livro. No final de semana mensagem de mais um casal de Sorocaba que conquistou a gravidez por uma graça de Santa Filomena.

No dia 10 de agosto de cada ano onde há Igrejas e santuários de Santa Filomena é celebrada missa recordando o seu dia de morte e ressurreição. Em Sorocaba, na Vila Progresso, o santuário tem capacidade para mais de mil devotos. É o primeiro em construção da América Latina. Neste ano não receberá pela primeira vez em sua história, a participação de milhares de fiéis. O novo coronavírus faz com que a transmissão da missa seja pelas redes sociais e tenha limitação de 200 pessoas no santuário. Em anos anteriores as celebrações e procissão à santinha, que toca os corações dos devotos com o dom da cura e da fé, era uma festa na cidade. Quem desejar o óleo e o cordão da santinha milagrosa pode solicitar na secretaria do santuário por telefone 15 3231 1957. Há também um kit especial e pode ser pedido pelo WhatsApp 15 99797-9038 e 15 99611-5163.

O padre Wagner Lopes Ruivo responsável do santuário, no prefácio do meu livro “Amigos de Santa Filomena”, afirmou: “num mundo de ostentação, onde as pessoas, sobretudo os jovens mal influenciados pela mídia, vivem de ostentar aquilo que têm em vez de mostrar aquilo que são”. “Num mundo de ‘likes’ e ‘curtidas’, num mundo de busca pela fama, dinheiro e poder, chama-nos a atenção uma adolescente que viveu cerca de mil e quinhentos anos atrás, chamada Filomena”. “Ela, Filomena, teve (diante dos olhos do mundo) uma grande oportunidade de casar-se com o ‘poderoso’ da época, imperador Diocleciano”. “Mas, ela decidiu consagrar-se ao imperador dos imperadores: Jesus Cristo”, conforme relatos dos historiadores.

Um ótimo exercício para superar a vaidade é participar a convite de Dom Julio Akamine na próxima quinta-feira, dia 30, do “Dia de Oração para abraçar o Senhor, para abraçar a esperança”, em intenção dos sofredores, inclusive todos os atingidos pela pandemia da Covid-19. Praticar a misericórdia aos pobres, ao próximo, é uma forma de oração e libertação da vaidade, do orgulho e poder.

Vanderlei Testa jornalista e publicitário escreve às terças-feiras no Jornal Cruzeiro do Sul e aos sábados no www.blogvanderleitesta.com e www.facebook.com/artigosdovanderleitesta