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A emergência humana

04 de Junho de 2020 às 00:01

A emergência humana Crédito da foto: Wilton Garcia

Wilton Garcia

Na dimensão reflexiva, contradições, controvérsias e paradoxos fazem parte do contemporâneo. Então, urge debater o aqui-agora. A pandemia da Covid-19 alerta para a questão da comunicação digital no cotidiano, desde a biotecnologia na busca de vacina até a vigilância de rastrear dados por geolocalização (GPS) em telefone celular.

Agora, nos comunicamos pela internet basicamente com o isolamento social para combater a propagação de doença. A experiência virtual invade casas, apartamentos, escritórios convocando o uso de ferramentas digitais: smartphones, computadores, tablets, redes sociais. Criatividade não falta!

Na utilização de dispositivos tecnológicos, essa possibilidade comunicacional avança em operações estratégicas de mercado-mídia, garantindo mudança de paradigma: a ênfase no envolvimento das pessoas com o suporte hipermidiático. Provavelmente isso não tem volta, visto que no futuro, não muito distante, o uso tecnológico será ainda maior. A dependência desses dispositivos permite novas decisões sobre a vida.

Afinal, o distanciamento social se equivale do compartilhamento de informação provocando antagonismo. Por um lado, seria pensar na materialidade do espaço físico (concreto); por outro, há a sensorialidade latente do espaço virtual (abstrato). Ou seja, o processo interativo entre pessoas aproxima ideias, não corpos. Ambos esboçam determinado estado intermediário oscilando no agenciamento o tangível ao intangível da esfera comunicacional.

Sem dúvida, é fundamental refletir acerca do que está acontecendo atualmente. Por gostar de você, é preciso distância. Parece incoerente. Mas isso reduz o risco de contágio e/ou proliferação do coronavírus.

Portanto, o que se compreende como humano?

No trânsito dos argumentos, o modo de ponderar nossa existência seria a valorização das relações humanas. As pessoas tentam substituir a família pelo tablet ou o namoro pelo celular. Tais relações, entre sujeitos e objetos, foram trocadas pela escolha de ficar só na cultura digital. Essa última oferece o afago da sofisticação e tenta impetrar a lógica capitalista do consumo.

Essa crise global entre saúde, economia e política solicita um (re)posicionamento do sujeito para moldar as coisas no mundo. Seria, sim, uma nova abordagem na vida social. (Re)formula-se outro olhar a respeito da humanidade, sobretudo, quando se trata de regimes de verdade, existência e realidade.

Nesse momento de contingência singular, a Universidade de Sorocaba (Uniso) oferece uma prática de ensino-aprendizagem on-line, com o apoio de plataformas virtuais síncronas, empenhada na continuidade das aulas. Ou seja, estudante e docente atuam juntos no sistema hipermidiático, como o encontro na sala de aula. Tal formação educativa pretende aflorar soluções criativas inovadoras com insights, os quais visam a emergência do humano.

Advertência: preocupar-se com a manutenção e a restauração da saúde física e mental é algo valioso, em dias tão especiais para gerar solidariedade. A ideia é sobreviver. Logo, fique em casa, lave as mãos e evite contato próximo com outras pessoas, por favor. Certamente, isso passará!

Wilton Garcia é artista visual, doutor em Comunicação pela Universidade de São Paulo (USP) e professor do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura da Uniso. ([email protected])