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A amor rompe o limite do céu

26 de Julho de 2018 às 14:36

As chamas da paixão explodem de um instante para outro; as do amor avançam lenta e progressivamente. A paixão tudo envolve num único momento e a seguir se apaga. O amor arde por horas, dias, meses e anos, sem que suas flamas vacilem, bruxuleiem ou morram. A paixão contempla prioritariamente o eu. O amor rompe a fronteira do só para mim e instaura o primado do nós dois.

Acolha e valorize a paixão. É preciso que ela exista, a exemplo da faísca que, gerando a explosão inicial, tudo desencadeia e dá origem ao mover. A exemplo do motor, faz o carro da existência avançar, desde nele encontre combustível. Sem isso, a fagulha inicial se perde sem que ocorra movimento algum.

Ardor temeroso de mergulhar por inteiro na essência do outro, a paixão, circunscrita aos estreitos limites do eu, desaparece sem efetivar o encontro do alguém. Logo as partes se dão conta de que a convivência não vai se operar, percebem-se vivendo solidões paralelas e se afastam, carregando dentro de si o pior tipo de saudade: a saudade do que jamais chegou a existir.

É indispensável ao bem-querer ultrapassar a fronteira do eu, criando espaço para que as chamas do mútuo encanto se estendam, por inteiro, à vida dos que partilham a relação. Somente assim a felicidade pode brotar do contentamento recíproco e ser -- segundo o plano de Deus para a sua vida e a vida do seu alguém -- mais do que " uma pluma que o vento vai levando pelo ar".

Na coreografia da vida é a integração dos passos que estrutura a beleza do bailado e faz com que as bênçãos do Deus que muda o pranto em dança recaiam sobre os que dançam em busca da fusão dos movimentos isolados na sublimidade da mútua entrega.

"O amor (...) não exige que as coisas sejam à sua maneira."

1ª Carta aos Coríntios 1:4-5

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Geraldo Bonadio é jornalista. [email protected]