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Renato de Oliveira Camargo Junior

Oh, vinde adoremos!

19 de Dezembro de 2025 às 22:59
Cruzeiro do Sul [email protected]
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. (Crédito: FREEPIK)

Todas as vezes que ouvimos esse chamado antigo, algo acontece dentro de nós. É como se cada coração fosse convidado a voltar no tempo, a fim de reviver o extraordinário: Jesus Nasceu! E diante dele, não há como não fazer música: o tambor se assanha, as vozes se animam e a folia aquece o coração.

No primeiro Natal, a luz dissipou as trevas, a noite fria se aqueceu com a respiração do recém-nascido e o céu se inclinou sobre a humilde estrebaria. As estrelas, que sempre brilharam por ordem dele, então brilharam por causa dele. E os nossos olhos, que outrora derramaram rios de tristeza, ganharam motivos de sobra para se alegrar.

Entre todos os que estavam ao redor da manjedoura, havia alguém que experimentou aquele momento de forma especial. Ela o segurou nos braços, sentindo cada batida de seu coração. Maria — a escolhida, a surpreendida, a serva que disse “sim” ao impossível, o chamou de filho e Senhor.

Mas o que de fato Maria sabia a respeito do que estava acontecendo? Será que tinha a dimensão do eterno em sua mente finita e limitada? Será que imaginava ver Jesus agindo de maneira sobrenatural e ensinado como quem tem autoridade? Será que compreendia o caminho que Ele deveria percorrer para oferecer a salvação?

O que nos surpreende em Maria não é o que ela sabe, mas a disposição de continuar seguindo em frente apesar de não ter todas as respostas. Nem mesmo o medo do que as outras pessoas pensariam dela foi capaz de paralisá-la. Decidiu ser simples. Decidiu confiar. Decidiu seguir em frente, fitando os olhos em Jesus.

Ao olharmos para Jesus, silente naquela humilde manjedoura, corremos o risco de confundi-lo com um bebê qualquer, com alguém que é frágil e limitado, que tem começo, meio e fim. Que não possui forças para sustentar as próprias pernas. Podemos julgar, que não somos nós, mas Ele quem precisa da gente.

No entanto, sua essência é divina. Ele é Aquele cuja voz fez surgir luz em meio ao caos. A Palavra que moldou constelações, que ordenou os mares, que fez vida a partir do pó. Sem ele, os pássaros não conseguiriam voar, as plêiades não acenderiam os céus e nem mesmo as chuvas poderiam irrigar a terra.

O menino da manjedoura é o próprio Criador envolto em carne. É a eternidade travestida de fragilidade. O poder que dissipa o caos e reestabelece a ordem. Ele não precisa do conselho de ninguém. Ouve o seu próprio coração. Segue determinado a sua vontade. E o resultado é sempre bom, perfeito e agradável.

Seu poder não ficou evidente na manjedoura, mas brilhou forte ao longo de seu ministério. Mediante a sua palavra, cegos passaram a ver, surdos começara a ouvir, oprimidos foram libertos, mortos foram ressuscitados, de tal forma que o anúncio dos profetas se cumpriu. O eterno chegou. O doador da vida agora respira entre nós.

O Deus de promessas não abre sua boca em vão. Quando nos fala, a vida e a ciência, ao som de sua voz seguirão. Quem se levantará contra o Senhor? Quem intentará contra os seus planos perfeitos? Quem negligenciará o reconhecimento por todos os seus atos maravilhosos?

Assim, seguimos nossa jornada, surpreendendo-nos cada dia mais com recém-nascido em Belém, vendo em seus olhos o Deus que deu origem ao universo. Ele é o Deus que fala e cria, que ordena e sustenta, que promete e cumpre. O Deus de cem bilhões de estrelas. Se a natureza o louva, eu também!

Agora, somos chamados ao centro absoluto do Evangelho. A razão de toda esperança, de todo milagre, de toda fé. O coração pulsante do Natal se revela diante de nós. Tudo converge para Ele: Cristo o título que aponta para a transcendência do menino Jesus e o reconhece como o próprio Deus encarnado.

Por que ele nasceu? Definitivamente não foi apenas para inspirar. Ele veio para salvar.

Ele veio para carregar nossa culpa, nossa dor, nossa perda, nossa escuridão.

A manjedoura aponta para a cruz. E a cruz aponta para a vitória eterna que Ele conquistou para expandir o seu Reino sobre a terra.

Em Belém, Ele veio frágil; no Calvário, Ele se entregou forte. Na manjedoura, foi envolto em panos; no túmulo, permaneceu em silêncio. Mas nenhum pano, nenhum prego, nenhuma pedra, pôde detê-lo. A luz que brilhou na noite de Belém rompeu a maior noite da humanidade. Ele ressuscitou — e vive para sempre.

É por isso que nossa fé repousa só em Cristo. Não em emoções, não em esforços, não em conquista humana alguma. Ele é nossa rocha, nossa canção, nossa paz. Ele é o fundamento que não se abala, o Cordeiro que nos comprou, o Rei que voltará. Ele é o princípio, o meio e o fim da nossa esperança.

E diante desse Cristo ressurreto, nosso coração encontra descanso. O medo perde força, a culpa perde voz, a morte perde seu rugido. Somos d’Ele — pertencemos ao Deus que tomou nossos pecados e nos deu vida. Nada pode nos separar de Suas mãos.

Nada pode deter o Seu amor.

Renato de Oliveira Camargo Junior é teólogo formado pelo Seminário Presbiteriano do Sul, pós-graduado em Liderança pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, doutor em Ministério pelo Missional Training Center, professor de Homilética e Prática da Pregação no Seminário Presbiteriano do Sul e pastor Plantador da Comunidade Presbiteriana Campolim, em Sorocaba.