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Marcelo Augusto Paiva Pereira

A matemática e a música

12 de Dezembro de 2025 às 21:00
Cruzeiro do Sul [email protected]
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. (Crédito: FREEPIK)

 

Em muitos foram e são os dialetos, idiomas e outras espécies de linguagens existentes no mundo, tanto no tempo quanto no espaço, nas diversas sociedades e civilizações. Dentre tantas, duas são universais: a matemática e a música, cujos comentários seguem abaixo.

A matemática surgiu na Pré-História, em que os primeiros humanos precisavam medir distâncias, contar quantidades e dividir as estações climáticas. Por volta de 3.500 a.C. (quando nasceu a escrita) a matemática surgiu na Babilônia e no Egito, para realizar diversas funções (cobrar impostos, construir edifícios, plantar e colher etc.).

Na Grécia antiga, Tales de Mileto (624 a 548 a.C.), Pitágoras de Samos (570 a 497 a.C.) e Euclides de Alexandria (século III a.C.) desenvolveram a geometria, na qual estão o Teorema de Tales, de Pitágoras e a Geometria Euclidiana, que tratam de áreas, ângulos e relações de proporções entre figuras geométricas. Pitágoras, todavia, via nos números a essência de todas as coisas e, a matemática, uma linguagem universal.

A música também surgiu na Pré-História, para realizar rituais e comunicação pelos primeiros humanos. De instrumentos rudimentares (flautas de ossos são exemplos), evoluíram para outros, mais elaborados (harpas e liras são exemplos), até atingirem a atualidade.

No período Pré-Socrático (séculos VI e V a.C.), o filósofo Pitágoras criou o monocórdio, instrumento de uma só corda musical, do qual extraiu as sete notas mediante a divisão da corda em partes, até a oitava (série harmônica). A ele os eventos naturais, dos quais a música faz parte, podem ser transformados em relações numéricas e modelos matemáticos.

Na arquitetura, os gregos antigos faziam uso do “número de ouro” para construir templos e outros edifícios. Euclides de Alexandria foi um dos primeiros pensadores a defini-lo. Na Idade Média, Fibonacci (1175-1240) criou a sequência numérica que, no século XIX, recebeu seu nome (Sequência de Fibonacci). Ambos visavam à harmonia das obras divinas e das humanas.

No século XIX, Goethe (1749-1832) ou Schopenhauer (1788-1860) disse ser, a arquitetura, música congelada. Esta afirmação (de qualquer deles) tem procedência, por ser a arquitetura dependente das proporções matemáticas para criar a harmonia do edifício, tanto no todo quanto nas partes que o compõem.

Conclusivamente, a matemática e a música são as linguagens universais desde Pitágoras de Samos, porque uma se transforma na outra através de proposições matemáticas e notas musicais, numa correspondência em que a razão, o ritmo e a harmonia se conectam e se entrelaçam nas mais variadas formas, tanto na natureza (obras divinas) quanto nas obras humanas, das quais a arquitetura faz parte. Nada a mais.

Marcelo Augusto Paiva Pereira é arquiteto e urbanista.