Angelo Fanti
O impacto da inteligência emocional na liderança moderna
Em um contexto empresarial que se transforma a cada dia, a verdadeira vantagem competitiva do líder está no gerenciamento das emoções, pois autoconhecimento, empatia e regulação emocional, valorizadas como soft skills, são muito mais que desejáveis, são indispensáveis.
Pesquisas mais atuais comprovam isso. A inteligência emocional, por exemplo, se tornou vantagem competitiva na liderança, especialmente entre mulheres, que costumam ser mais abertas e mais conscientes em relação ao emocional, além de se preocupar de forma contínua com a saúde mental e emocional no ambiente de trabalho, como mostrou estudo publicado em junho de 2025 no Economic Times. Isso mostra que lideranças emocionalmente conscientes constroem times mais conectados e resilientes.
Em adição a isso, uma meta-análise publicada em setembro de 2023 na Human Resource Management Review, que examinou mais de 150 estudos abrangendo quase 51 mil participantes, mostra que pessoas com elevado nível de inteligência emocional (IE) possuem uma melhor carreira, maior autoeficácia em decisões, maior satisfação e comprometimento com a trajetória, além de intenção empreendedora e salário. Ainda que a pesquisa não tenha encontrado relação significativa com a autoeficácia na busca de emprego, os achados apontam um impacto da IE em diversos aspectos da vida profissional bastante positivo.
Há também evidências que relacionam a IE ao desempenho no trabalho. De acordo com um estudo feito em 2022 na Universidade Ufuk, na Turquia, as três abordagens da IE — habilidade (capacidade genuína de perceber, usar, entender e gerenciar emoções), autorrelato (mede a IE por meio de questionários e inventários nos quais o indivíduo avalia a si próprio) e mista (combina esses elementos, incluindo também características de personalidade, como otimismo e assertividade) — beneficiam o comprometimento organizacional, o comportamento de cidadania, a satisfação e a performance, reduzindo o estresse no trabalho. Também houve uma revisão sistêmica que apontou correlação positiva de IE com apoio social, fatores organizacionais e satisfação, e em relação a estressores negativos.
Com relação ao impacto da IE, há evidências de que a percepção e a construção que se faz acerca do papel que as emoções desempenham nas lideranças também fazem diferença. A visão que os líderes têm das emoções, sejam elas positivas ou negativas, impactam diretamente a performance de suas equipes. Um estudo publicado em 2024 na BMC Psychology demonstra que emoções vistas como úteis pelos líderes resultam em equipes com reparo emocional e um número baixo de conflito de relacionamento — fatores que contribuem para uma liderança sustentável e colaborativa.
Emoções equilibradas permitem que seus gestores não apenas lidem com momentos de crise, mas também evitem a chamada “produtividade tóxica”. Podemos dizer que quem possui autocontrole emocional toma decisões mais assertivas, consegue sair efetivamente melhor em situações de pressão e, de um modo geral, tem um resultado muito mais equilibrado em suas entregas, e não apenas aumentando a quantidade de trabalho realizado.
Liderar um time atualmente envolve um conhecimento profundo da própria identidade, da capacidade do líder em provocar empatia e, principalmente, em administrar suas emoções em desafios. Esses aspectos ajudam a cultivar a confiança e a fortalecer as relações dentro da empresa, promovendo ambientes de trabalho mais saudáveis e produtivos a longo prazo.
Angelo Fanti é diretor de RH da Sorocaba Refrescos.