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Marcelo Augusto Paiva Pereira

A revolução urbana

09 de Setembro de 2025 às 21:30
Cruzeiro do Sul [email protected]
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. (Crédito: FREEPIK)

O surgimento das cidades foi um percurso que paulatinamente transformou os espaços ocupados pelos pioneiros núcleos habitacionais nos centros urbanos que hoje existem. A revolução urbana foi determinante, cujos comentários seguem abaixo.

A revolução urbana aconteceu em cerca de 5.000 a.C. (Idade dos Metais) no Crescente Fértil (Oriente Médio), onde as primeiras cidades surgiram da fixação dos grupos humanos, cresceram e se desenvolveram com suporte nas famílias (genos), clãs, agricultura e na metalurgia. Diversas desta, outras regiões e períodos também experimentaram transformações equivalentes (Vale do Indo e Mesoamérica são exemplos).

Foi o arqueólogo Gordon Childe (1892-1957) quem criou e conceituou aludida expressão, que dá título a este texto. A ele, dita revolução teve causa no aumento da produção de alimentos e da população, a qual distribuiu a sociedade em classes, dentre elas a dirigente, causou a expansão territorial, o surgimento da propriedade privada, do trabalho urbano especializado, o desenvolvimento das artes e da escrita e a arquitetura monumental.

Da Idade dos Metais até o presente, as cidades passaram pelo período pré-industrial (arado, metalurgia e surgimento da escrita) e atingiram o estágio industrial atual, compostas de complexas organizações econômicas, jurídicas, políticas e sociais, um fluído sistema de classes e educação de massa. O urbanismo as acompanhou, inicialmente, com técnicas empíricas de arruamento e de construções urbanas. O surgimento da sociedade industrial (segunda metade do século XVIII) tornou o urbanismo ciência interdisciplinar e técnica e passou a tratar dos embaraços urbanos em benefício do conforto dos habitantes e do interesse público.

Em 1933 os participantes do 4º CIAM escreveram a Carta de Atenas, na qual definiram as funções elementares das cidades (circulação, habitação, recreação e trabalho), para o urbanismo organizar os espaços com vistas ao conforto (bem-estar) urbano. Para tanto, depende de um prévio planejamento destinado ao crescimento urbano ordenado.

Na época atual o Plano Diretor do Município (CF, 182, º 1º) é o instrumento da política de desenvolvimento urbano, consiste num plano geral urbanístico com a função de sistematizar (organizar normativamente) o desenvolvimento econômico, físico e social do município. Assim como qualquer projeto urbano ou urbanístico, também visa ao conforto (bem-estar) da população.

Conclusivamente, ao longo de sete mil anos a revolução urbana modificou a cultura, os costumes, o conhecimento científico e técnico, a economia, as formas de produção, os instrumentos e as relações de trabalho das sociedades, com suporte na organização espacial dos territórios ocupados. De pioneiras obras urbanas, atingimos a organização normativa das cidades, na forma legal do Plano Diretor do Município, para assegurar o ordenado crescimento urbano e tornar as cidades mais urbanas aos habitantes. Nada a mais.

Marcelo Augusto Paiva Pereira é arquiteto e urbanista.