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Marcelo Augusto Paiva Pereira

A Era da Modernidade

22 de Julho de 2025 às 21:30
Cruzeiro do Sul [email protected]
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. (Crédito: REPRODUÇÃO)

A Revolução Industrial (1760-1840), na Inglaterra, iniciou a Era da Modernidade, na qual o surgimento das máquinas a vapor substituiu a atividade manufatureira, estimulou o uso do ferro nos projetos e construções e criou espaço para novas correntes artísticas e arquitetônicas.

Abaixo seguem alguns comentários.

A modernidade foi marcada por muitas inovações científicas, culturais e tecnológicas: científicas, por obter soluções fundadas no racionalismo, que explica os fenômenos naturais dissociados da religião; culturais, por substituir a cultura artesanal pela industrial (linhas de produção em série); tecnológicas, por criar obras com o uso do ferro e outros materiais posteriores.

Várias obras foram construídas, das quais se destacam a primeira ponte de ferro, em Coalbrookdale (1779), Castle Foregate Mill (1796), ponte do Marschalbrück (1818), ponte sobre o estreito de Conway (1826), ponte sobre o rio Avon (1836), biblioteca de Saint-Geneviève (1843), Palácio de Cristal em Londres (1850-51), garagem de trens de St. Pancras (1864-68), galeria Vittorio Emannuelle (1865), biblioteca nacional de Paris (1868), Torre Eiffel (1889), galeria das máquinas (1889) e outras.

O movimento artístico e arquitetônico foi superado pelas inovações tecnológicas, que perdeu espaço para essas e outras obras de engenharia. As exigências da sociedade reclamavam técnicas que as artes e a arquitetura não tinham nem sabiam desenvolvê-las.

Para supri-las, surgiu em 1794 a Escola Politécnica de Paris (EPP), foi a primeira faculdade de engenharia civil e concorreu com as preexistentes Escola Nacional de Pontes e Estradas (ENPCH, 1747) e a Academia Real de Belas Artes (Arba, 1673). Estas duas surgiram ao tempo do Antigo Regime, em que a sociedade era distribuída em estamentos e o Estado era absolutista, conduzido pelo rei. O estilo dominante era o rococó (barroco francês) e o coexistente neoclássico era o estilo da ascendente burguesia.

Nessa seara a Revolução Francesa (1789), conduzida por essa classe social, pôs fim ao Antigo Regime e foi escolhido o neoclássico para servir de identidade à modernidade da sociedade e civilização que emergiam da sociedade estamental.

O Palácio de Cristal (1850-51) foi o marco inicial da arquitetura moderna, da qual a primeira corrente artística foi o ecletismo, elaborado pelo uso de estruturas de ferro e vidro e desenhos ornamentados. Ao fim do século XIX surgiu o estilo “art nouveau”, que se dissociou do historicismo e abriu caminho ao modernismo, do qual surgiram vários seguidores e estilos.

Conclusivamente, a Era da Modernidade foi permeada pelas inovações industriais e tecnológicas decorrentes da Revolução Industrial, deram causa a inéditas obras construídas com ferro e vidro, concorreram para o surgimento da Escola Politécnica de Paris, da arquitetura moderna, correntes e estilos arquitetônicos de vanguarda e da sociedade e civilização atuais, movidas pela ciência, cultura e tecnologias até o presente. Nada a mais.

Marcelo Augusto Paiva Pereira é arquiteto e urbanista.