Walter A. de Luca
Centenário de Vitor Cioffi de Luca, jornalista que marcou a história de Sorocaba
Este 8 de maio de 2025 marca o centenário de nascimento de meu pai, Vitor Cioffi de Luca. Falecido em um trágico acidente em 1998, juntamente com sua esposa, Thereza. Sua vida merece, sem dúvida, um registro especial na história de Sorocaba.
Lembrá-lo sempre nos enche de saudades e orgulho, pelo que foi como pai, como pessoa e como jornalista. Aliás, em termos de ideais e retidão de caráter, não havia distinção entre qualquer um desses papéis.
Publicamente, seu Diário de Sorocaba, fundado com tanto esforço ao lado de Thereza, em 1958, foi o que lhe garantiu maior notoriedade. Mas o respeito conquistado junto à sociedade, que sempre marcou o jornal, refletia a integridade, a inteligência e o carisma de Vitor como pessoa.
Nós, familiares que desfrutamos de seu convívio no dia a dia, assim como amigos e inúmeros colaboradores que atuaram ao seu lado por tantos anos, somos testemunhas disso.
Vitor foi o primeiro jornalista com curso superior a atuar em Sorocaba. Formado na segunda turma da faculdade Cásper Líbero, pioneira no ensino de jornalismo no País, veio para a cidade em 1952 para administrar a Folha Popular.
Seis anos depois, por desentendimentos com a direção, deixou o órgão e fundou seu próprio jornal. Um empreendimento que durou mais de 60 anos e no qual sempre atuou com a esposa e, depois, com os filhos, também jornalistas.
Seis décadas de história exigiriam centenas de páginas, evidentemente, mas seria impossível não mencionar a importância das contribuições do Diário de Sorocaba para a cidade e região. Conquistas de obras públicas e benefícios para Sorocaba, defesa da idoneidade na política, realização e apoio a um sem-número de obras sociais e a luta pelos direitos do cidadão comum são apenas algumas delas.
Além disso, Vitor e o Diário devem ser sempre reconhecidos pela intransigência na prática de um jornalismo imparcial e independente, fonte de inspiração para várias gerações de jornalistas.
Vitor morreu entristecido pela morte precoce do filho Fernando, dois anos antes da sua, em 1996. Uma perda que abalou a família e os próprios rumos do jornal. Muitas vezes repetia que, oxalá, tivesse sido ele, e não o filho, a ter partido.
Morreu entristecido, também, por ver seu Diário enfrentando tantas dificuldades e o risco de não se recuperar.
Continuou lutando, mesmo assim, para emergir do torvelinho, em nome da família, de seus ideais e das famílias que dependiam da sua empresa. O destino não lhe deu tempo para superar mais essa batalha, e muito menos para aliviar a maior das dores de um pai e mãe.
Além da saudade, ficaram para nós seus muitos exemplos e lições. Uma delas, que ele costumava repetir em conversas e palestras, e que nos marcou profundamente, foi: “Amar é querer o bem do próximo”. Estudioso de filosofia, característica que pouca gente conhecia, Vitor encontrou em Aristóteles uma frase que coincidia com seus próprios princípios cristãos, e que, certamente, lhe serviu de guia em tudo que fazia.
Walter A. de Luca é jornalista, professor e filho de Vitor e Thereza Cioffi de Luca.