João Alvarenga
Agradável Presença
Com certeza, o leitor deve ter notado uma agradável novidade no noticiário deste jornal. Nos referimos ao retorno da coluna social ao Cruzeiro do Sul. A retomada aconteceu, recentemente, em grande estilo. Agora, as notícias da vida social da cidade fazem parte das edições de domingo, exatamente nas páginas da editoria de “Variedades”, o popular “Mais Cruzeiro”.
A volta da coluna foi festejada pelos que têm curiosidade em saber detalhes dos eventos que mexem com a sociedade, tais como: festas, bailes, celebrações, conquistas e encontros.
Na verdade, esse democrático espaço do Cruzeiro sempre foi destinado a leitores e assinantes que desejam divulgar desde uma discreta notinha de aniversário até uma majestosa celebração, como o tradicional Baile de Aniversário de Sorocaba. A ideia é que o fato social não passe em branco. Por isso, fotos de casamentos ou de formaturas ganham relevância. Para quem acompanha a coluna, tem a exata noção de que tais notas sociais são formas espontâneas de homenagear as pessoas, desde um cidadão comum, ou mesmo ressaltar o trabalho das entidades ou clubes de serviços.
Nesse contexto, são lembrados entes queridos, como: filhos, netos, pais, avós ou, então, personalidades sorocabanas que obtiveram destacada atuação na cidade. Ou seja, pessoas que serviram de exemplo ou deram significativa contribuição para o progresso do município. Por isso, muitos leitores estranharam, por um tempo, a ausência de tais notas no jornal. Por quê?
Porque os acontecimentos sociais da sociedade também merecem visibilidade. Afinal, o noticiário de uma cidade não se compõe apenas de fatos trágicos.
Por isso, a coluna social tem a função de não só entreter o leitor de maneira prazerosa, mas também quebrar um pouco o lado sisudo das notícias que, infelizmente, anda carregado de matérias negativas. Logo, a coluna “Presença”, desta vez assinada pela jornalista Gabrielle Camargo Pustiglione, cumpre o papel crucial de apresentar uma panorâmica da vida social da cidade. Nesse aspecto, ganham ênfase os eventos sociais que têm caráter filantrópico. São notas agradáveis, positivas e descontraídas que tornam as notícias do domingo um pouco mais leves.
Contudo, não se pode negar que, no passado, a mídia impressa dava mais relevância ao chamado colunismo social, até com mais espaço do que as notícias policiais ou tragédias. O comunicólogo José Marques de Melo registrou, em sua obra “Mídia, Ecologia e Sociedade”, que nos idos anos 70 e 80, como não havia tantos avanços tecnológicos, a mídia impressa valorizava mais o “discreto charme” da burguesia do que a violência do cotidiano. Desse modo, muitos colunistas fizeram a história desse setor do jornalismo impresso do Brasil, até com notas apimentadas e estrelismos que mexiam com a vaidade de pessoas simples e também celebridades. Inclusive, houve casos em que alguns colunistas davam notas que se tornavam verdadeiros “furos” de reportagem.
Nessa linha, destacamos o polêmico colunista Ibrahim Sued, que era dono de um estilo irreverente, além de uma linguagem carregada de jargões próprios. Por enaltecer o estilo de vida da elite carioca dos anos 80, era figurinha carimbada nas badaladas festas do Copacabana Palace. Dizem que sua coluna tinha tanta influência, que antecipava lances da política, derrubava autoridades ou ajudava a eleger governadores. Ficou tão famoso, que se tornou referência para as novas gerações de colunistas em várias partes do País. Em Itapetininga, nos anos 90, Betho Ferraz assinou uma coluna social inspirado em Sued.
Para finalizar, seguindo a essência do colunismo social, lembramos, aqui, a atuação de quatro mulheres maravilhosas que, em Sorocaba, assinaram colunas sociais inesquecíveis. Marcaram época no jornalismo local, graças à criatividade com que noticiavam a vida social da cidade. São elas: Hélia Neves Fernandes, Ângela Fiorenzo, Heloisa Helena e Guymma Baddini. Bom
domingo!
João Alvarenga é professor de redação.