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Dom Julio Endi Akamine

Centenário da Igreja Particular de Sorocaba

28 de Junho de 2024 às 22:30
Cruzeiro do Sul [email protected]
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. (Crédito: ARQUIVO / JCS)

Formada pelo território dos municípios de Araçoiaba da Serra, Boituva, Cerquilho, Iperó, Jumirim, Piedade, Porto Feliz, Salto de Pirapora, Sorocaba, Tapiraí, Tietê e Votorantim, a Arquidiocese comemora neste dia 4 de julho de 2024 seu centenário de criação com uma missa solene celebrada às 9h na Catedral Metropolitana “Nossa Senhora da Ponte” de Sorocaba. Aproveito a oportunidade deste artigo para convidar para essa celebração e para exprimir o fruto que, para esse momento de graça, peço a Deus aos nossos fiéis: amar mais Cristo e a sua Igreja.

Esse é o mistério de Cristo e da Igreja: a Igreja não é só a instituição, não são apenas as estruturas físicas e sociais; é o mistério da unidade com Cristo para formar com Ele uma só realidade. São Pedro afirma que nós somos pedras vivas edificadas sobre a pedra angular, a pedra viva, rejeitada pelos homens, mas escolhida e honrosa aos olhos de Deus (1Pd 2,4). Nós formamos com Cristo um edifício espiritual, um sacerdócio santo (1Pd 2,5).

Amo a Igreja de Sorocaba porque há cem anos existe para que não falte aos seus filhos e filhas o que é absolutamente necessário: Jesus Cristo.

Amo a Igreja de Sorocaba porque ser um só com Cristo não é possível sem ela, sem os irmãos e irmãs que como eu estão enxertados em Cristo, formando um sacerdócio santo a fim de oferecer sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus, por Jesus Cristo (1Pd 2,5). Estando na Igreja não só com o corpo, mas com o coração, sou, com os irmãos e irmãs, a raça escolhida, o sacerdócio do Reino, a nação santa, o povo que ele conquistou para proclamar as obras admiráveis de Cristo (1Pd 2,9).

Amo a Igreja de Sorocaba porque me ensina a forma correta de exprimir a fé (a profissão de fé, os dogmas de fé), fornece para mim o modo prático de viver a fé em Cristo (os mandamentos, as bem-aventuranças, a ética cristã e a doutrina social), põe à minha disposição o tesouro da oração bimilenar da Esposa de Cristo (a Sagrada Liturgia, as devoções e a espiritualidade dos santos). De fato, sem a Igreja, o mistério de Cristo se esvazia e se torna um mito; sem a Igreja, o Evangelho se perverte em ideologia — de esquerda ou de direita, não importa!

Amo a Igreja de Sorocaba porque Jesus me ensinou a amar a Deus e ao próximo. Amar o próximo nada mais é do que amar a Igreja, ou seja, os batizados desta Arquidiocese. No amor à Igreja estão incluídos também os que não pertencem a ela, mas que partilham conosco as mesmas Sagradas Escrituras, o mesmo Senhor, a mesma fé, o mesmo batismo. No amor à Igreja estão incluídos os irmãos mais velhos, os que adoram o único Deus Salvador, os que procuram a Deus de coração sincero e até mesmo os que não tem fé. A Igreja dilatou o meu coração para amar a todos, para desejar a todos a Salvação e para sofrer por todos.

Amo a Igreja de Sorocaba porque, para nela ser admitido, não me foram exigidas virtudes heroicas, nem santidade de vida, tampouco qualidades espirituais. Na Igreja, aprendi que tudo devo receber das mãos de Jesus. A santidade é continuamente derramada em meu coração porque na Igreja estou no bioma da graça; ela é o ambiente vital da comunicação da graça; é o ecossistema onde a chuva torrencial dos bens divinos nos encharca de vida eterna.

Amo a Igreja porque mesmo manchada, ferida e enlameada pelos meus pecados, como boa mãe, ela continua rezando pela minha conversão, sofrendo pela minha santificação e, como Cristo, julga que ainda vale a pena tentar me salvar.

A Igreja formou e continua formando os ministros ordenados que nos batizaram, atenderam as nossas confissões, assistiram aos nossos casamentos, acompanharam com suas orações a última passagem dos nossos caros. Deus seja bendito para sempre pelos ministros ordenados que foram inseridos na corrente ininterrupta dos bispos, padres e diáconos que atravessa os milênios. Bendito seja Deus pelos consagrados e consagradas que testemunharam e continuam a testemunhar o tesouro do Reino de Deus pelos votos de pobreza, castidade e obediência. Bendito seja Deus pela santidade cotidiana dos fiéis leigos que mostram que a santidade não é privilégio de uma elite, mas uma graça que não falta a batizado algum.

Amo a Igreja de Sorocaba porque me dá os sacramentos, o alimento da Palavra e da Eucaristia, o exemplo dos Santos que por aqui passaram: Frei Galvão e Padre Donizete, mas também tantos outros Santos anônimos do cotidiano.

Amo a Igreja de Sorocaba porque recebo nela o Espírito Santo que forma em mim a imagem de Cristo: seus sentimentos são os meus; suas palavras são as minhas; seus pensamentos são os meus; seu amor ao Pai, é meu; seu amor por Maria, é meu!

Amo a Igreja porque ela me ensina a amar os pobres. Nestes cem anos, a Igreja Particular de Sorocaba nunca deixou de servir os pobres, continuamente se prodigalizou a serviço dos necessitados. Criou instituições de ensino para promover a educação e a cultura, construiu e administrou hospitais para cuidar dos enfermos, mantém farmácias comunitárias, alimenta os irmãos que moram na rua, distribui alimento para as famílias.

Fui pensado com amor por Deus e pela Igreja, logo existo!

Dom Julio Endi Akamine é arcebispo metropolitano da Arquidiocese de Sorocaba