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João Alvarenga

O movimento antivida

20 de Abril de 2024 às 21:45
Cruzeiro do Sul [email protected]
"Os Sete Pecados Capitais e as Quatro Últimas Coisas", pintura atribuída ao brabantino Jeroen van Aken, conhecido como Hieronymus Bosch (1450 - 1516) (Crédito: REPRODUÇÃO)

Na semana passada, abordamos, aqui, um estudo norte-americano que elencou sete comportamentos saudáveis que levam à felicidade e promovem o bem-estar humano, garantindo longevidade. No artigo de hoje, faremos um percurso contrário, ao focarmos os comportamentos doentios que não só contribuem para a desgraça humana como comprometem o equilíbrio do planeta como um todo. Se o leitor pensou nos famosos sete pecados capitais, que fazem parte da tradição cristã, acertou! Pois atitudes, como: gula, avareza, orgulho, luxúria, ira, inveja e preguiça — no entender dos religiosos — sedimentam o caminho para a perdição eterna.

Na verdade, o rol acima é mais do que suficiente para gerar uma série de contendas na sociedade, danos planetários e até desencadear conflitos internacionais. Então, vamos começar pela gula. Para muitos, ela parece algo inofensivo. Mas, seu excesso gera a escassez. Como? Vamos analisar em escala global: se um país consome alimento em demasia, com certeza, alguma nação ficará sem comida. No caso da avareza, o estrago é ainda maior, já que o um governo mesquinho não divide nada com seu povo nem com outras nações. Isso explica o porquê de tantas guerras espalhadas pelo mundo.

Todavia, é curioso perceber que cobiçar um bem que não nos pertence, vai nessa mesma linha. Veja o caso da Venezuela, que deseja por as mãos em Essequibo, pertencente à Guiana. Não é atoa que dizem que “a inveja mata”. Porém, o orgulhoso, por se achar o centro do mundo, impõe a submissão aos demais. Isso é muito comum no ambiente corporativo. E, embora a preguiça seja considerada como algo “natural”, é vista como um vício perigoso, pois resulta em negligências que geram danos físicos e prejuízos financeiros.

Dessa lista, a luxúria é condenada, atualmente, não só pela religião como pelos ambientalistas. Mas, por quê? Ocorre que o hedonismo — o prazer a qualquer custo — desequilibra o planeta, já que cada vez mais os recursos naturais são extraídos de forma exacerbada para satisfazer nossas necessidades de conforto, consumo e lazer. Para muitos, isso parece um caminho sem volta, pois, até quando estudamos, estamos (de algum modo) afetamos a natureza. Logo, o consumismo, ainda promova a sensação de bem-estar, é algo ilusório, pois leva muita gente à ruína, além de esgotar os recursos naturais.

Assim, é evidente que todas essas atitudes promovem estragos, tanto em nível pessoal quanto coletivo. No entanto, dentre todos os sete pecados, a ira, na visão de muitos, é extremamente noviça, porque revela a verdadeira face da estupidez humana. Afinal, basta um simples desentendimento no trânsito para que o homo sapiens se torne um troglodita sem limites. Imagens de um supermercado de Brasília mostraram, recentemente, um motorista enfurecido, que danificou o carro de uma senhora. Qual motivo? Desatenta, ao estacionar seu veículo, impediu a passagem do apressadinho. Com uma chave de rodas, o cara partiu para o ataque. Atos dessa natureza tornam a vida das pessoas um verdadeiro “inferno de Dante”.

Nesse contexto, o terapeuta holístico Otávio Leal é enfático ao destacar que, infelizmente, há uma espécie de “movimento antivida” que ronda o planeta, a fim de propagar a morte em todos os níveis. Para ele, há um agravante: nem sempre aquilo que se ensina é colocado em prática, eliminando todas as possibilidades de evolução moral e espiritual. Nisso, as crianças são as principais vítimas, porque seus sonhos são banidos. Muitas são obrigadas a viver em campos de refugiados, sem escola e lazer.

Para finalizar, lembramos que tais ações nefastas não são frutos de uma ação divina, como se tem o hábito de dizer: “Isso é a vontade de Deus”. Pois, está escrito no Livro da Sabedoria, capitulo 1, versículos 3 a 15: “Deus não é o autor da morte, a perdição dos vivos não lhe agrada (...) e a morte não é a rainha da Terra, porque a Justiça é imortal”. Bom domingo!

João Alvarenga é professor de redação