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Nildo Benedetti

‘Namorados para Sempre’ (parte 2 de 4)

11 de Abril de 2024 às 22:54
Cruzeiro do Sul [email protected]
Cena de conquista entre Dean e Cindy
Cena de conquista entre Dean e Cindy (Crédito: DIVULGAÇÃO)

Quando Cindy se descobre grávida de Bobby Ontario e, no momento decisivo, desiste do aborto, Dean a acolhe e propõe serem uma família: ele a põe no colo, agasalha-a e a aninha como a um bebê e diz: vamos ser uma família! Para Cindy essa é uma promessa irrecusável e que põe Bobby Ontario fora do páreo; ai está um homem de confiança, não violento, e que tem consideração, bem diferente de seu pai e de Bobby. Este, mais a frente, agredirá Dean, surpreendendo-o no ambiente de trabalho.

1. A vida conjugal e o rompimento da relação
Passada a fase efêmera da paixão e da conquista, comum a todas as relações, a vida conjugal de Dean e Cindy começa a enfrentar os problemas que surgem do convívio e que surgem grande parte das uniões de casais.

O que teria acontecido com esta relação em que um homem sensível, bem intencionado e atento às necessidades da mulher que pretende conquistar, estabelecerá com ela uma estrutura relacional que lá na frente se mostrará insustentável? O filme reforça os problemas familiares enfrentados no passado por Dean e Cindy. Isto significa que o presente de ambos no convívio conjugal é influenciado, em menor ou maior escala, por aquele passado. Contudo, não é possível analisar profundamente como a relação do casal com as respectivas famílias determinaram o comportamento atual dos dois na relação conjugal, porque tal comportamento depende de uma série de fatores que só uma profunda análise psicológica poderia determinar. Mas, o fato é que o casal termina repetindo os padrões das famílias de origem e, portanto, podemos levantar algumas hipóteses para explicar aquelas relações de causas e efeitos que o filme nos mostra.

Dean foi criado pelo pai e mal conhece a mãe, que deixou a família para viver com outro homem. Talvez estes antecedentes expliquem, no início da relação com Cindy, sua decisão de não se casar para não assistir à destruição do seu lar. No entanto, esses mesmos antecedentes explicam sua obstinação em construir uma família unida com Cindy e seu grande carinho pela menina Frankie. Ele age com a menina como se fosse mãe. Seu amor por Cindy e a filha parece sólido, apto a resistir aos tropeços da vida. É o que ele deixa claro em um diálogo em que ela pede maior iniciativa de parte dele, porque ele sabe fazer tantas coisas, e ele responde que só quer estar com ela.

Dean pensa que seu esforço em dar estabilidade emocional e ajudar no suprimento financeiro sejam suficientes para Cindy. Em uma conversa com um colega de trabalho, ele afirma: “Eu acho que homens são mais românticos que mulheres. Quando nos casamos, é com uma garota. Nós resistimos o tempo todo até conhecermos uma garota e pensarmos: ‘eu seria idiota se não casasse com ela’. Mas as garotas só escolhem a melhor opção. Conheço garotas que pensam: ‘ele tem um bom emprego’. Esperam sempre pelo príncipe encantado, então casam com o cara que tem um bom emprego e que vai ficar com elas”.

Esta fala de Dean retrata, como nas profecias autorrealizáveis, o que acontecerá na relação entre Dean e Cindy. Ou seja, uma definição falsa que suscita uma série de comportamentos e que fazem com que a concepção originalmente falsa se torne verdadeira. Ainda assim ele reconhece que não é suficientemente bom para ela.

Esta série de artigos está incluída no projeto Cine Reflexão da Fundec