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Nildo Benedetti

Recomendações de filmes da Netlix (parte 2 de 2)

28 de Março de 2024 às 23:03
Cruzeiro do Sul [email protected]
Olivia Colman vive Leda, em
Olivia Colman vive Leda, em "A filha perdida" (Crédito: DIVULGAÇÃO)

Na semana passada recomendei ao leitor alguns ótimos filmes disponíveis na Netflix. Sugiro agora que assistam aos abaixo citados, porque também envolvem aspectos significativos de ciências humanas: sociologia, guerra, crítica de arte, história etc.
Recomendo que leiam as análises completas desses filmes no meu livro “Filmes para Pensar - Volume 3”, disponível gratuitamente no site https://cinereflexao.wordpress.com/.

“O poço”

Este filme é uma alegoria que pode ser entendida sob diversas perspectivas: religiosa, sociológica, psicológica etc.

Sob a perspectiva sociológica, vemos homens e mulheres de todas as raças e crenças que fazem parte de uma hierarquia social fixada geograficamente a partir do norte para o sul e simbolizada pelo piso em que o indivíduo se encontra nessa grande prisão. É uma crítica à desigualdade na contemporaneidade, em que o hemisfério norte oferece as sobras ou nada aos que estão nos pisos inferiores e dá em excesso aos que estão nos pisos superiores.

Outra perspectiva é a psicológica. O poço é um laboratório de estudo do comportamento humano sob variadas situações.
Na minha análise apresento uma interpretação do enigmático final do filme.

“Nada de Novo no Front”

O filme mostra algumas das desgraças que ocorrem em todas as guerras: violência, destruição, morte de soldados e de civis inocentes de todas as idades, pilhagens, tortura, fome. A guerra é patrocinada por indivíduos que estão longe dos campos de batalha, mas que conseguem fazer que uma parte da população, quando apropriadamente manipulada, vá à guerra imbuída de valores positivos de bravura, patriotismo, honra. Um soldado fala da brutalidade dos superiores: “Se deres poder a um homem, ele torna-se uma besta”.

“O Destino de Haffmann”

O filme trata de um sórdido episódio da história da França: o do colaboracionismo com o nazismo alemão durante a segunda guerra mundial.

A França assinou um acordo de armistício pelo qual os alemães ocuparam a parte do país, enquanto no restante do território foi criada a República de Vichy, de ideologia fascista, subordinada à Alemanha. Haffmann, que era judeu, tentou salvar a família, enviando-a para Vichy, enquanto ele se escondia na joalheria do qual era dono.

Na minha análise, relaciono o panorama histórico em que o filme se desenrola e seu reflexo no comportamento dos personagens.

O filme não tem cenas de violência e se atém a analisar o que o ser humano exibe de melhor ou de pior diante de situações de desastre: alguns tentam tirar proveito da miséria alheia sem quaisquer escrúpulos, outros se mostram solidários e afetivos.

“A Filha Perdida”

Questões sobre maternidade, família, liberdade, feminilidade, neoliberalismo, são tratadas com profundidade no filme, porque ele é paradigmático para ilustrar o conflito vivido por mães da contemporaneidade que, de um lado, buscam o usufruto pleno da liberdade, da realização profissional e da ampla independência econômica e afetiva; e, de outro, se vê aprisionada pela exigência da vida doméstica de cuidar de filhos e oferecer-lhes uma vida conjugal harmoniosa.

Na minha análise exponho as razões que me levaram a fazer uma interpretação do filme baseada em diversos aspectos da vivência do luto nos seres humanos.

Esta série de artigos está incluída no projeto Cine Reflexão da Fundec