Nildo Benedetti
Recomendações de filmes da Netflix (parte 1 de 2)
Gostaria de recomendar ao leitor alguns filmes excelentes disponíveis na Netflix. Se o leitor ainda não tiver assistido a algum deles, sugiro que o faça, porque são obras de grande qualidade. Se já tiver assistido, seria muito interessante que o assistisse novamente, porque estou certo que perceberá aspectos que lhe escaparam em uma primeira assistência.
Cada um do filmes citados a seguir envolvem um ou mais aspectos importantes de Ciências Humanas: relações humanas e afetivas, guerra, crítica de Arte, História etc.
As referências que faço aqui foram extraídas do meu livro “Filmes Para Pensar Volume 3”, disponível gratuitamente no site https://cinereflexao.wordpress.com/.
“Viver Duas Vezes”
O filme permite o desenvolvimento de ideias sobre as venturas e as desventuras que fatalmente acompanham a velhice. Possibilita também uma discussão sobre o amor de namorados, amantes e cônjuges. Não se trata de uma obra profunda, porque trata de modo simplificado as conturbadas relações de pais e filhos e do amor de casais. Mas é uma obra sentimental, um ótimo entretenimento.
“M-8 - Quando a Morte Socorre a Vida”
Este filme brasileiro tem muitos méritos, como o de evidenciar o fato de que a maior parte dos alunos de universidades mais concorridas vêm de classes econômicas mais altas, graças à possibilidade de cursar escolas privadas caríssimas. Mostra também pessoas negras com preconceito contra o próprio negro. Contudo, o filme tem muitos fatos e personagens que pouco ou nada têm a ver com o tema central, que é o do racismo brasileiro. Mas, ainda que o filme tenha essa fragilidade, sugiro que leiam minha análise do filme. Ela tem o mérito de expor alguns aspectos que deveriam ser obrigatoriamente levantados em um filme sobre um tema tão atual.
“Elize Matsunaga: Era Uma Vez um Crime”
Este documentário, uma minissérie de 4 episódios, abre ampla possibilidade de discutir, frente a um crime hediondo, três temas principais: Justiça, imprensa e reação do público. Elize é a generalização da noção de assassina cruel e desumana: matou o marido, esquartejou-o e jogou as partes de seu corpo no mato.
Baseado nesses trágicos acontecimentos, na minha análise mostrei que o filme possibilita o desenvolvimento de um amplo discurso sobre o livre-arbítrio, ou seja, o de debater até que ponto o indivíduo tem controle dos atos que pratica. Tratei de responder simultaneamente a três perguntas: por que a reação do público ao homicídio foi tão diversificada? O que poderia ter levado Elize a cometer o homicídio? Quão justa é a penalidade que lhe foi aplicada pelo crime?
“Leave no Trace (Sem Rastros)”
Este filme é claramente pacifista, porque relatar os efeitos destrutivos e duradouros das guerras nos indivíduos. Tem dois protagonistas, um pai e uma filha adolescente. Em consequência da guerra, o pai sofre Transtorno de Estresse Pós-traumático. Luta para educar bem a filha, mas não consegue se readaptar à vida social. E a filha, uma menina dócil, que se encaminha para a maturidade, passa pela turbulenta fase da adolescência. A relação entre os dois é determinada pelos efeitos da guerra, mas o filme não tem cenas de violência, tiros ou coisa parecida. É uma obra delicada, sensível, profunda e clara na exposição da complexidade de seu conteúdo.
Esta série de artigos está incluída no projeto Cine Reflexão da Fundec