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Marcelo Augusto Paiva Pereira

República Oásis

Experiência inédita, salutar, que ampliou o convívio social e as fontes do conhecimento

08 de Fevereiro de 2024 às 23:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
(Crédito: ARQUIVO PESSOAL)

 

A edição de 3 de fevereiro deste jornal publicou matéria sobre as repúblicas de estudantes existentes em Sorocaba. O teor se reportou à vida deles, dividida com pessoas de várias cidades que se unem sob o mesmo propósito. A matéria me fez lembrar do tempo em que morei numa república, conhecida por Oásis. Abaixo seguem algumas lembranças.

Era o ano de 1987 e aguardava a publicação, num jornal de grande circulação nacional, da lista dos aprovados no vestibular da Vunesp. Aos 4 de fevereiro a tão esperada lista foi publicada e meu nome se encontrava nela, para a Faculdade de Engenharia Civil de Guaratinguetá.

No mesmo mês fui para lá fazer a matrícula e aproveitei para procurar uma república de estudantes enquanto lá estivesse. Uma família daquela cidade, muito amiga de um tio meu, indicou a República Oásis, no bairro do Pedregulho. Nesta fiquei por dois anos, período em que fiz a mencionada faculdade, até dela desistir por descobrir que não gostava de engenharia...

Aquele período foi muito bom. Nessa república éramos doze, de várias cidades. Havia três dormitórios e, no quintal, uma edícula, na qual dormiam dois dos colegas. No dormitório que escolhi éramos em quatro e dividíamos dois beliches. Outros quatro dormiam noutro, e dois no terceiro. Repartíamos igualitariamente todas as despesas (luz, água, aluguel, alimentação etc.). O convívio era excelente, recebíamos vários colegas, estudávamos e nos divertíamos.

Fazíamos as compras numa feira -- que acontecia às quartas ou quintas-feiras -- na mesma rua. Formamos seis duplas, das quais cada uma ia à feira numa semana. A cada seis semanas a mesma dupla retornava à feira e assim por diante. Comprávamos tudo o quanto era necessário e, ao término das compras, subíamos a pé à faculdade. No horário do almoço estávamos reunidos à mesa. Nossa faxineira e cozinheira fazia todas as refeições do almoço e deixava preparadas as do jantar.

No final do primeiro semestre de 1988 fizemos um churrasco de despedida, e só retornamos quando do início do segundo semestre. Meus pais participaram do churrasco. Também foi convidado um amigo do meu pai, que morava na mesma rua da nossa república. Um pouco antes de nos despedirmos, pedi ao meu pai para fazer a fotografia da nossa turma que ilustra esse texto -- dois de nós foram embora mais cedo e não participaram da foto.

Em suma, ter vivido numa república de estudantes foi excelente, inesquecível, da qual tenho boas recordações. Foi uma experiência inédita, salutar, que ampliou o convívio social e as fontes do conhecimento, inclusive acadêmico e nas salas de aula. Conheci vários colegas e professores e, ao acaso, aquele amigo do meu pai. A vida numa república abre nossos olhos para novos horizontes, ao mundo e às pessoas, inclusive a outras culturas e ambientes. Nada a mais.

Marcelo Augusto Paiva Pereira é arquiteto e urbanista