Vanderlei Testa
Uma nova vida gerada com a doação de um rim
As histórias que a vida proporciona a cada pessoa, como no caso do terremoto no Japão, dia 1º de janeiro de 2024, impactaram o início do ano novo, como a primeira tragédia mundial. As imagens estão disponíveis no YouTube. É impossível deixar de se emocionar, ao assistir as cenas de destruição causadas pelas forças da natureza que, infelizmente, o ser humano ainda é incapaz de suportar e, muito menos, prever novos atritos das placas tectônicas que geram terríveis terremotos com ameaças de tsunamis. Além disso, ondas de até doze metros de altura atingiram a praia do condado de Ventura, na Califórnia, Estados Unidos, impactando o final de 2023.
Enquanto isso, aqui, no Brasil, em Sorocaba, Manoel Francisco Rodrigues e sua família participaram da passagem do ano com a alegria de ter a sua filha, genro e neto, na neve da Finlândia, depois de terem conseguido sair da Ucrânia nestes tempos difíceis de guerra. Tive a oportunidade de estar com a família Rodrigues e ouvir a história da sorocabana Vanessa, casada com Wladimir. Ambos são biólogos formados pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Sorocaba. Eles foram morar e trabalhar em um laboratório de biotecnologia em Kiev. Para escapar da guerra, fugiram para a fronteira da Polônia e, de lá, para a Finlândia, onde fixaram residência. Manoel me contou que, com a ajuda de uma amiga e, posteriormente da FAB e seus aviões, Vanessa saiu com o seu cão Thor e, na época, grávida, escapou das absurdas bombas destruidoras dos russos. O marido, Wladimir, em outra arriscada decisão, foi em busca de salvar os equipamentos da sua empresa e pesquisas que tinha realizado na Ucrânia.
Agora, todos, casal e filho, vivem na paz da Finlândia e, pelos canais de comunicação das redes sociais, festejaram o réveillon com a família de Sorocaba.
Fato impactante e emocionante, também, foi à história de vida que Cecília e José Carlos Sales testemunharam, ao me contarem sobre um artigo que escrevi para o jornal Cruzeiro do Sul, em homenagem à sua neta Carolina. No início do ano de 2023, relatei a história da saudosa jovem Carolina Sales Cavalcante, falecida após um procedimento cirúrgico com complicações coronárias. Num gesto humanitário da família de Carolina, seus órgãos foram doados para pessoas que aguardavam, há anos, para terem as suas vidas salvas.
Emocionados, Cecília e José Carlos relataram que o rim da neta Carolina foi doado a uma jovem de uma cidade distante de Sorocaba. Nessa cidade, quase na divisa com o Mato Grosso do Sul, há muitos anos, uma mulher, com 39 anos, vivia uma dura realidade. Tanto que estava desanimada de viver, pois há décadas, seu rim não funcionava. Por isso, há mais de 10 anos não podia ingerir água. Lamentavelmente, todos os rins cooptados para o transplante se mostravam incompatíveis às características da paciente. Um dia, porém, chegou o rim oriundo da doadora “CSC”, de Sorocaba.
Essa informação, desde o início de 2023, ficou nas orações de gratidão da família e da receptora do órgão doado. Ela estava salva graças ao gesto generoso de uma jovem sorocabana. O tempo passou e, neste final de 2023, por inexplicáveis caminhos, o meu artigo sobre Carolina foi parar na distante cidade a mais de 500 km de Sorocaba. Um irmão da receptora leu e descobriu que a “CSC” de Sorocaba, que salvou a vida da sua irmã, era a jovem Carolina Sales Cavalcante. De imediato, entrou em contato com a família da doadora e contou a história emocionante da irmã.
Agora, os pais de Carolina, Daniela e Jorge, sabem que o rim de sua amada filha possibilitou que uma jovem, então desconhecida, pudesse viver. Desse ato de bondade, nasceu uma amizade. Cristãos católicos, pais e avós, com suas capacidades de entender a vontade de Deus em suas vidas, reconhecem que Carolina está feliz, no paraíso, com as doações de órgãos que seus pais autorizaram e que ela solicitou para que fossem realizadas.
Vanderlei Testa ([email protected]) é jornalista e jublicitário; escreve no jornal Cruzeiro do Sul às terças-feiras