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Marcelo Augusto Paiva Pereira

Um projeto de integração urbana

Um projeto de estação rodoviária deve acolher o melhor ambiente em favor da mobilidade tanto dentro quanto fora da edificação

28 de Dezembro de 2023 às 23:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
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No mês de outubro de 2023, a Prefeitura Municipal de Sorocaba publicou o edital para escolher a empresa que construirá a nova estação rodoviária a ser implantada no km 106 da rodovia Raposo Tavares. O projeto, desenhado pela empresa NTS Projetos e Gerenciamento Ltda EPP (mediante licitação), deverá ter três andares de área comercial e dois de terminal rodoviário. Seguem alguns comentários.

Um projeto arquitetônico ou urbanístico deve ser prático, econômico e confortável. Prático, porque deverá ser desenhado com a melhor distribuição dos ambientes e eliminar os trechos que causem óbices aos usuários. Econômico, porque o custo total da obra não deverá onerar os usuários nem os cofres públicos. Confortável, porque resulta da composição entre ergonomia, ventilação, temperatura, acústica e iluminação. Um projeto de estação rodoviária deve acolher o melhor ambiente em favor da mobilidade tanto dentro quanto fora da edificação.

O aludido projeto também é de infraestrutura urbana, deve integrar os espaços do entorno, acolher conexões intermodais e desenvolver e integrar centralidades, em relação às quais concorrem fluxos de pessoas, veículos, bens e serviços, a serem estudados pelos trajetos origem-destino (OD), de Impacto de Vizinhança (EIV), do correspondente Relatório (RIVI) e do Relatório de Impacto de Trânsito (RIT), para evitar congestionamentos e implantar a nova estação rodoviária. Eles tem o escopo de estimar a acessibilidade dos veículos e transeuntes nos trechos examinados.

Nesse contexto, o entorno da nova rodoviária deverá ser livre de obras que diminuam, embaracem ou obstruam a mobilidade dos veículos que trafeguem à e da mencionada rodoviária. A mobilidade tem sido objeto de estudos e de projetos urbanísticos desenvolvidos nas faculdades de arquitetura e urbanismo e planejados e executados pelas prefeituras municipais. Sem um projeto urbanístico que solucione os gravames da mobilidade urbana, as cidades permanecerão reféns delas próprias, na razão dos frequentes congestionamentos e de ineficazes providências.

A título de exemplos de conexão intermodal, uma poderá ser entre a avenida Adão Pereira de Camargo e a Luiz Mendes de Almeida, próxima ao local da nova rodoviária; e outra entre a avenida Santa Cruz e ruas da Constituição e José Tótora, da qual uma via subterrânea poderá conectá-la até a nova rodoviária.

O poder público municipal também deverá integrar, às rotas de transporte urbano, áreas de habitação, lazer e comércio, fomentar o adensamento urbano (crescimento vertical) em terrenos e imóveis subutilizados em áreas consolidadas, requalificar trechos urbanos (gentrificação) e obras arquitetônicas (retrofit), conter os limites do município e recuperar o meio ambiente natural, sem prejuízo ao conforto arquitetônico e urbano nem à mobilidade.

Conclusivamente, um projeto de integração urbana resultará na implantação da nova estação rodoviária conectada ao transporte urbano, acompanhada de áreas requalificadas (gentrificação e retrofit), do crescimento vertical, da contenção dos limites urbanos e da recuperação do meio ambiente natural, com o fim de realizar e assegurar a mobilidade urbana. Nada a mais.

Marcelo Augusto Paiva Pereira é arquiteto e urbanista.