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João Alvarenga

Faxina geral

As autoridades observaram que a população tem o péssimo hábito de descartar todo tipo de lixo nas cidades

02 de Dezembro de 2023 às 23:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
(Crédito: ARQUIVO / JCS)

Neste domingo, vamos refletir sobre um problema que faz parte do nosso cotidiano, mas que a maioria ignora: a sujeira urbana. Sim, amigo leitor, o acúmulo de lixo nas grandes cidades se tornou um grave problema de saúde pública. Tanto que a Câmara Federal aprovou um projeto de lei que prevê punições para quem descartar lixo nas vias públicas, com penas equivalentes ao volume de lixo descartado. A medida, que altera a Lei de Resíduos Sólidos, visa, também, ao cidadão comum que poluir as ruas. Antes, apenas as empresas respondiam por esses danos. Mas, as autoridades observaram que a população tem o péssimo hábito de descartar todo tipo de lixo nas cidades.

Além de a Câmara ter se mobilizado em torno desse assunto, que é pouco tratado na mídia, alguns municípios já contam com legislação própria. A iniciativa da Câmara veio em boa hora, pois pretende unificar as ações em torno de um tema que sempre foi tratado com descaso até pelas autoridades. Porém, não é novidade a ninguém que um ambiente insalubre é o espaço ideal para proliferação de doenças que causam muito aborrecimento e gastos com remédios caríssimos. Isso sem falar em possíveis internações.

Infelizmente, Sorocaba também vivencia esse problemão, pois muitos jogam de tudo nas ruas: restos de comida e animais mortos. Até sofás velhos são abandonados em praças. O lixo acumulado nas áreas públicas não só enfeia as ruas, como coloca a vida do sorocabano em risco. Afinal, onde há lixo, há insetos, baratas e ratos que compõem uma perigosa fauna urbana. Há quem já tenha flagrado até ratazana circulando, à noite, tranquilamente pelo centro da cidade. Por que as pessoas jogam lixo nas ruas? Muitos cidadãos alegam que os contêineres não dão conta de tanto lixo que se produz diariamente. Além disso, a cidade não conta uma eficiente coleta seletiva.

No entanto, é interessante observar como o “nascimento” das cidades, no Brasil, se deu de forma desorganizada. Ou seja, o que antes era mata nativa se tornou espaço urbano, sem planejamento. Com isso, o povo originário da área ocupada se viu obrigado a se adaptar a uma nova realidade: perda da identidade. O filósofo Jacob Bazarian já alertava para esse problema, ao observar: o que antes era “cultura natural” passou a ser visto como “cultura artificial”. Com isso, os danos foram irreversíveis: as cidades ficaram inchadas e a frágil estrutura governamental não dá conta de atender tamanha demanda.

Nesse sentido, muitos urbanistas são unânimes em afirmar que a ocupação urbana, no Brasil, ocorreu de forma desorganizada, pois os interesses econômicos sempre falaram mais alto. Tanto que, quando as cidades foram sendo formadas, não se pensava no destino correto do lixo, pois não havia aterros sanitários. Com isso, criou-se o hábito de descartá-lo inadequadamente. Essa prática permanece até hoje. Outro agravante: em pleno século 21, muitas cidades brasileiras não contam com coleta de esgoto ou água tratada. Com a aprovação do “Marco Legal do Saneamento Básico”, em 2020, pelo Congresso Nacional, espera-se que até 2026 esse benefício chegue a todas as cidades.

No entanto, essa situação que chama a atenção das autoridades sanitárias não é exclusividade do nosso País. A falta de saneamento básico é visível ao redor do planeta, principalmente nas nações mais pobres. Nesse contexto, o continente africano é o mais afetado. Além disso, a maioria da população global ignora os riscos oriundos da convivência contínua com montanhas de lixo que se acumulam nos lugares em que a miséria também se faz presente. Recentemente, a revista Forbes publicou um ranking das cidades mais sujas do planeta, sendo que Baku, no Azerbaijão, encabeça essa lista. Mas, segundo essa mesma fonte, até as metrópoles enfrentam esse drama. Dizem que, em Nova York, a população de ratos é imensa e que os roedores se alimentam das sobras que a população joga nas ruas. Bom domingo!

João Alvarenga é professor de redação