Marcelo Augusto Paiva Pereira
AI: que destino nos aguarda?
Questiona-se se a referida será sempre utilizada para nos beneficiar ou se, em algum momento, poderá (ou irá) nos prejudicar
Na época atual estamos diante da inteligência artificial (AI), criada para favorecer a humanidade em tarefas perigosas à vida, saúde e segurança individual ou coletiva, de difícil execução e de serviços indesejados por quem não os queira realizá-los. Abaixo seguem alguns comentários.
A primeira revolução industrial (1760 - 1840), na Inglaterra, inaugurou o uso da máquina em substituição à mão de obra humana e assim se tornou irreversível. A ciência seguiu o caminho do desenvolvimento, de descobertas e invenções então tidas por impossíveis, inverossímeis ou fantasiosas (o trem e a fotografia, por exemplo).
Do final do século 19 ao início do 20 muitas foram as invenções e descobertas, como o telefone, a energia e a lâmpada elétrica, o automóvel, o raio x, o cinema, o avião e outros inventos e inovações que surgiram posteriormente.
Iniciou-se o século 20 sob o manto da ciência, da tecnologia e, também, da crença de que vieram para beneficiar a humanidade, levá-la ao ápice da harmonia, bem-estar e da paz entre nações. Assim foi entendido até o início da então Grande Guerra, que ceifou vinte milhões de vidas ao longo de quatro anos (1914 - 1918).
Foi ela a mais desastrosa guerra conhecida naquela ocasião, o que fez a humanidade repensar a finalidade da ciência e concluir que também podia ser utilizada para prejudicar pessoas e nações, na razão dos interesses políticos e econômicos e na medida da produção de equipamentos militares.
A Segunda Guerra Mundial (1939 - 1945) endossou esse entendimento e pôs uma pá de cal sobre as remanescentes brasas dos pensadores que ainda criam na ciência enquanto fonte do sucesso moral e ético da humanidade. De lá para cá o tempo passou, a ciência e a tecnologia avançaram e nos encontramos em situação semelhante.
A tecnologia do início do século 20 evoluiu, transformou-se e atingiu a nossa época sob o manto científico que fez surgir a inteligência artificial. O delírio da humanidade por essa tecnologia assim se assemelha ao daquelas pessoas pelas invenções que surgiram no início do século passado para facilitar a vida de cada um.
Assim como aquelas na virada do século 19 para o 20, a inteligência artificial surgiu para beneficiar a humanidade, levá-la ao ápice da harmonia, bem-estar e, provavelmente, atingir a paz entre as nações. Questiona-se se a referida será sempre utilizada para nos beneficiar ou se, em algum momento, poderá (ou irá) nos prejudicar. Motivos políticos e econômicos sempre existiram e foram o supedâneo que desvirtuou a finalidade da ciência e da tecnologia no início do século passado.
Conclusivamente, a inteligência artificial surgiu com as mesmas promessas de progresso com que surgiram aquelas invenções na virada do século 19 para o 20, as quais perderam o foco do sucesso moral e ético devido a interesses maiores do que a finalidade inicial. Diante destas similitudes históricas, que destino a AI nos aguarda?
Marcelo Augusto Paiva Pereira é arquiteto e urbanista