Há mais de 50 anos, um grupo de amigas, em Sorocaba, decidiu se reunir para participar de uma Novena de Natal. Essa tradição dos católicos de preparação nove dias antes do Natal com orações tem alcance em todo o Brasil. Motivados por livretos de meditação e preces, os grupos seguem essa tradição e acrescentam, no final, um ato concreto de ajuda material aos mais necessitados. Essa ação católica faz parte da história de Sorocaba, em suas profissões e na vida familiar. Unidas na religiosidade se complementam em testemunhar o bem em suas comunidades.

A vida da médica Diana comprova essa realidade. A menina Diana Tannos nasceu em Boituva. Filha de pais de nacionalidade síria, Francisca e Elias Tannos, Diana, aos seis anos de idade, veio morar em Sorocaba. Ela estudou no Grupo Escolar Antônio Padilha e no Instituto de Educação Santa Escolástica. Diana sempre foi dedicada aos estudos e desejava ser médica. Tentou ser aprovada em dois vestibulares de São Paulo. Por uma providência divina, na sua vida, Sorocaba recebeu a primeira Faculdade de Medicina e, desta vez, a mocinha Diana foi aprovada. A sua adolescência de estudos incentivada pelos pais recebia, também, como mensagem de classificada na lista de aprovados, uma responsabilidade para toda a sua vida.

Diana concluiu o curso de Medicina na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo/PUC, em sua primeira turma. Especialista em hematologia, conquistou uma fantástica trajetória de 67 anos no exercício da medicina. Só deixou de trabalhar aos 84 anos de idade e cumpriu, satisfatoriamente, a missão jurada na sua formatura. Atendeu a todos os seus pacientes com dignidade e respeito humano. A doutora Diana Tannos fez da medicina a sua vocação, seguindo o conselho do pai: “Filha, quando se formar, nunca coloque como objetivo a conquista material”. Um de seus méritos foi a outorga da honraria “Dra. Maria Augusta Generoso Estrela”, pela dedicação e compromisso com a medicina.

Aos 94 anos de idade, a doutra Diana mantém, desde os tempos da juventude, a mesma amizade com treze amigas. Porém, agora, juntas intercedem, através da fé, pela cura do corpo e da alma das pessoas necessitadas.

Quando estive em seu apartamento, para acompanhar o grupo, na primeira sexta-feira de agosto, dia 4, pude perceber o carinho da acolhida da doutora Diana, com jeitinho de avó, de cabelos brancos, que irradia amor, e que encanta a todos em palavras e gestos. Uma das suas virtudes é a gastronomia síria. O café turco servido às amigas (com uma variedade de receitas delicadamente preparadas por ela) continuará a cada mês, sempre na primeira sexta-feira, até que haja, no mínimo, duas participantes. Eram 14 amigas em julho. Neste mês, a pianista Nair Abrahão Maluf, que acompanhava o grupo há mais de cinco décadas, cumpriu a sua missão na Terra. Deixou saudades e recebeu das amigas a oração por sua alma generosa.

Participam do grupo: Selma Reze, Sônia Cano, Vânia Boschetti, Regina Márcia Antunes Varca, Rosa Nagib Jorge Murad, Sônia Maria Abussamara, Maria Odila Oliveira, Cristine Maluf, Ivone Abussamara, Maria Inês, Maria Elizabete de Camargo Barros Motta, Lourdes Nagib Jorge Murad e Rita de Cássia Lao.

A patrona do grupo é Nossa Senhora da Anunciação, nome dedicado à mãe de Jesus e comemorado em 25 de março, data em que a Igreja Católica celebra o anúncio de que o Filho de Deus nasceria neste planeta, exatamente nove meses antes do Natal de Jesus, em 25 de dezembro. “Como o grupo nasceu da inspiração da novena de Natal, nada melhor do que reverenciar a Nossa Senhora da Anunciação como nossa padroeira”, contou Maria Elizabete de Camargo Barros Motta.

Vanderlei Testa ([email protected]) é jornalista e e publicitário; escreve às terças-feiras no jornal Cruzeiro do Sul