Vanderlei Testa
Passarinho que canta bonito nunca morre
O diálogo entre pais e filhos é o melhor presente que poderá ser oferecido em um relacionamento
Dia 13 de agosto é o Dia dos Pais. Não importa de que parte do mundo, onde há um ser humano, existe um pai que o gerou com a sua mãe. Essa incrível delicadeza da natureza divina ainda é inexplicável aos cientistas que buscam, na sabedoria humana, o discernimento de como o universo começou. O título: “passarinho que canta bonito nunca morre” é uma metáfora ao pai, que, como um passarinho que cantou lindamente, na sua existência em companhia da família, nunca deixará de existir, ou seja, nunca morrerá na saudade e no coração dos filhos.
Somos oito bilhões de pessoas no planeta. Imagino que há centenas de milhões de pais que serão anônimos neste Dia dos Pais, sem nenhum abraço ou lembrança dos filhos. Pais que desconhecem os seus filhos estão sempre surgindo nos noticiários. Numa busca desenfreada pela internet, filhos tentam, através de exames de DNA, encontrar seus pais. Essa data, que surgiu por interesse comercial dos lojistas para atrair os consumidores, tornou-se, no passar do tempo, um alerta àqueles filhos desligados de sentimentos paternos.
Vale destacar, no entanto, que há filhos que vivem cada segundo a presença do pai, como o “passarinho que canta bonito”. Edgard Moura Júnior há poucos dias despediu-se do seu ídolo, o qual leva o seu nome, Edgard de Almeida Moura, com uma história exemplar de paternidade responsável. Sei que ambos, pai e filho, construíram uma existência de amor que nenhum cartão de crédito no mundo é capaz de comprar. Quanta cumplicidade nesse relacionamento que deixou saudade, desde o dia 20 de julho de 2023, a uma família constituída com a esposa, Regina Maria Moura, e os cinco filhos: Wagner, Mora Neto, Edgard Júnior, Vanessa e Priscila e seis netos. O pai Edgard Moura escreveu uma música “Sabedoria Divina” que relata a sua trajetória de vida, encerrada, agora aqui, na Terra, e recomeçada no céu.
No dia 23 de julho, o também saudoso pai, reverendo e pastor da Igreja Presbiteriana, Matheus Benevenuto Júnior, aos 92 anos, deixou os filhos Noemi, Luiz, Zilma e Andréia. Cinco netos e três bisnetos formavam a sua família, como pai e avô. Viúvo da Zilá Bisarro Rodrigues Alves, ele nasceu em Rio Claro, interior de São Paulo. A sua trajetória, na vida comunitária da cidade de Sorocaba, em mais de 30 anos à frente do escotismo, Rotary Clube, Associação Cristã de Moços e uma série de atividades de cunho cristão que o tornaram um modelo de pai para os quatro filhos. Neste Dia dos Pais, o pastor Matheus Benevenuto também não estará presente, fisicamente; mas, como o pássaro que canta bonito, entoará o som dos anjos na alma de seus entes queridos. Lá no paraíso, estará como pastor de ovelhas junto ao maior pastor que ele pregou em seus cultos.
O diálogo entre pais e filhos é o melhor presente que poderá ser oferecido em um relacionamento. Há uma frase que diz: ”a vida é a arte do encontro com o outro”. Quem ensina essa lição na Carta Encíclica “Fratelli Tutti” é o Papa Francisco. “Não devemos perder a capacidade de escuta”, diz Francisco. Assim, espero que essas simples reflexões possam levar pais e filhos, que não se comunicam por desavenças, a repensarem (através do diálogo) o retorno à amizade, como nos tempos da infância.
O cabelereiro João dos Santos Martins tem 60 anos e o seu pai, Eugênio, com 93 anos de idade, faleceu em 2022. Esta semana, perguntei-lhe: “como você sente a ausência de seu pai, depois de seis décadas de intensa vivência com ele?” “O meu pai nunca deixará de estar presente na minha vida”, declarou.
Vanderlei Testa é jornalista e publicitário escreve às terças-feiras no jornal Cruzeiro do Sul ([email protected])