Há frases e palavras que tocam profundamente o ser humano. Nem todos, com certeza. ‘O entusiasmo é a força da alma‘, sem dúvida, é uma dessas uniões de palavras que vale repensar nas nossas atitudes de vida terrena. A palavra entusiasmo vem de alegria intensa, júbilo. Uma exultação exagerada. Os leitores do jornal Cruzeiro do Sul que estão lendo este artigo, com certeza, já passaram por momentos de intensa alegria. Estavam entusiasmados com algo significativo em suas vidas e colocaram para fora do corpo essa força que vem da alma, da consciência humana e divina. Eric Moreno, jovem sorocabano que está à espera de um transplante de coração, contou que a enfermeira Solange chega animada e cheia de energia para fazer a coleta de sangue. Ela tira dele um sorriso nos dias mais difíceis.

Muitas vezes, o entusiasmo como maior trunfo que se busca alcançar, a cada dia, é apenas ‘fogo de palha‘ ou uma nuvem que passa. Isso acontece muito com os times de futebol. Os jogadores, técnico e diretores projetam uma campanha, investem muito, compram jogadores caríssimos e, no final das contas, acabam nas últimas posições da tabela do campeonato pela ausência do entusiasmo dos jogadores. Já a torcida exige, com o seu entusiasmo de estar nas arquibancadas gritando e acompanhando o time, os resultados de possam levar a equipe para os primeiros lugares na tabela de classificação.

Mas, há casos de exageros, pois alguns confundem entusiasmo com descontrole. Por isso, a violência nos campos de futebol chama à atenção das autoridades que ainda têm dificuldades em controlar os torcedores. Imagino o que se passa na cabeça do torcedor ao agredir o adversário, como no caso da última semana, em que uma moça foi atingida por um estilhaço de vidro de garrafa. A vítima teve o pescoço cortado. Infelizmente, ela morreu. Jovem e repleta de entusiasmo, alegre e torcedora do Palmeiras, partiu, deste mundo, por um gesto imaturo de um jovem que agiu por impulso. O choro dos pais que ficaram sem a filha e, daqueles que a conheciam, foi o que assistimos nas entrevistas na televisão. Nesse caso específico, a dor consumiu a alegria do entusiasmo de quem tinha ido ao estádio apenas torcer por seu time favorito.

A frase ‘O entusiasmo é a maior força da alma‘ nos faz refletir também na palavra alma. Se o entusiasmo é a maior força da alma, é porque todas as pessoas a possuem. Afinal, o que é essa alma?

‘Princípio vital, vida‘, assim o significado de alma é citado nos dicionários. No Catecismo da Igreja Católica, alma é definida como vida humana. Para mim, alma é consciência, uma ligação divina que nos une, não na carne do corpo, mas no espírito. Alma tem vida eterna. É dela que gera a nossa força do entusiasmo. Se você acorda triste pela perda de alguém querido, a sua alma que respeita a sua vontade, irá se enfraquecer da energia, sem alegria, gerando a desilusão e tristeza. Fulano, era tão bom, só fazia o bem e morreu de uma forma tão rápida nesse acidente, você acaba afirmando a si mesmo. Caiu da moto e morreu, deixando esposa e filhos tão pequenos, a sua mente continuará pensando: ‘Deus não é justo!‘ Assim, você reage de forma negativa. O seu entusiasmo cai e a revolta toma conta do seu pensamento, da sua alma.

Do outro lado, encontramos aqueles que se alegram com o nascimento de uma criança, como um dom de vida divino. Um milagre da existência humana. Chega o corpinho do bebê acompanhado da sua alma, da vida humana. Um corpo que sofrerá as adversidades e enfermidades, no transcorrer da vida, e uma alma a ser abençoada com a maior das riquezas que é a fé. Como que ligada por um fio condutor de amor, a alma de uma pessoa que faz o bem ao próximo será sempre uma energia que transmite entusiasmo. A fonte de Deus não se esgota.

Assim, escrevi tudo isso, para dizer, no final deste texto, que todos os dias, milhões de pessoas recitam, como Maria, mãe de Jesus, ao orar o Magnificat: ‘a minha alma engrandece ao Senhor‘. Aprendi com o professor Antônio Modolo, 91 anos, falecido este mês, que a alma é um presente do sopro de Deus que todos os seres humanos recebem, para terem o direito de viver eternamente junto ao Criador. A alma generosa do ‘Nin‘, como eu chamava meu padrinho Antônio, com certeza, já está junto de Deus.

Vanderlei Testa ( [email protected]) Jornalista e Publicitário, escreve às terças-feiras no jornal Cruzeiro do Sul