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João Alvarenga

Amor aos bichos

Apesar de o mercado pet estar em alta, é ilusão supor que todos os felinos são tratados como ’gatos de madame’

14 de Julho de 2023 às 23:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
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Crônicas Sorocabanas

Estimado leitor, hoje, focaremos um drama que afeta a vida dos animais abandonados que perambulam pelos bairros de nossa cidade. No entanto, vale ressaltar que daremos um enfoque diferente ao respectivo tema. Afinal, quando pensamos em animais desamparados, sempre nos vem à cabeça a condição dos cães e, geralmente, nos esquecemos de que os gatos também enfrentam situação semelhante. Todavia, na maioria dos casos, um simples descuido do tutor é o bastante para que o gatinho de estimação (para desespero da família) desapareça de casa. As chances de retorno são raras.

De certo modo, até arrisco dizer que os felinos sofrem bem mais, porque, infelizmente, são vítimas de todo tipo de preconceito de muitas pessoas. Talvez, o leitor se lembre do caso (de meses atrás) de uma gatinha que foi confundida como filhote de jaguatirica, embora tivesse escapado de um condomínio de luxo. Por equívoco, foi capturada por bombeiros e solta na mata. Custou muito para que o bichinho retornasse ao lar.

É horrível dizer, mas há pessoas que jogam água fervente nos bichanos, para expulsá-los de suas casas, porque são vistos como intrusos. Outros envenenam essas frágeis criaturas. Por conta de crendices passadas, os gatos de pelagem negra são alvo de brincadeiras maldosas nas sextas-feiras 13.

Além disso, no século passado, muita pele de gato virou couro de tamborim, para animar o carnaval. O tal do espetinho de gato não é lenda! Inclusive, a Polícia Civil chegou a prender donos de lanchonetes, na Capital, que comercializam essa ’iguaria’ à custa do sacrifício de muitos gatinhos.

Apesar de o mercado pet estar em alta, é ilusão supor que todos os felinos são tratados como ’gatos de madame’. Aliás, isso é visto, por alguns biólogos, como um perigoso modismo. Para outros, trata-se de um novo conceito numa sociedade carente, pois muitos casais optam por não ter filhos e adotam os animais. Porém, a maldade contra os gatos não tem limites.

Mas, qual o motivo de tanta crueldade contra uma espécie que, na antiguidade egípcia, era tratada como divindade, com a exaltação da deusa ‘Bast‘ ou ‘Deusa Gata‘? Na verdade, os gatos são mais independentes do que os cães, além de avessos a excessos de carinho. É bom lembrar que isso faz parte da natureza dos bichanos que pertencem à família dos felinos.

Além disso, embora São Francisco de Assis seja reconhecido como o patrono dos animais, na prática, muita gente despreza seus ensinamentos: ‘todos os nossos animais são nossos irmãos‘. Tanto que, frequentemente, este matutino traz tristes notícias de maus-tratos aos pets. Uma matéria que reverberou, nas redes sociais, dava conta de que dois cãezinhos foram jogados num contêiner, bem no centro da cidade.

Além desse lamentável episódio, sempre há relatos de crueldade, em que cães e gatos são castigados até por seus próprios donos. Inclusive, já houve caso de cães jogados da carroceria de um caminhão em movimento. Ou, ainda, um cachorro teve bombas atadas ao seu corpo, para que explodisse. Algo extremamente abominável.

Também os ativistas da causa pet não se esquecem da atrocidade cometida por um segurança de um hipermercado, em São Paulo, que matou uma cadelinha com uma barra de ferro. Nesse rol de maldade, nem as espécies ameaçadas de extinção escapam à ganância humana, pois se tornam alvo de traficantes de animais da nossa fauna. Tanto que o tráfico de animais silvestres o terceiro crime mais lucrativo, perdendo para o de drogas e de armas.

Portanto, não devemos ignorar o fato de que maltratar os animais é crime. Inclusive, o governo passado sancionou uma legislação que aumentou a pena para quem maltrata os animais. Seja um cão, um gato. Qualquer espécie. Inclusive, futuramente, focaremos outro problema gravíssimo: os maus-tratos aos cavalos, mas pouco abordado. Enfim, parece óbvio; porém, poucos entendem a mensagem: amar aos animais é amar a Deus! Até a semana que vem!

João Alvarenga: professor de redação