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João Alvarenga

Um caso de amor

No fundo, essa relação saudável entre a cidade e o jornal se dá pela confiança

17 de Junho de 2023 às 23:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
(Crédito: REPRODUÇÃO / JCS)

 

Há exatos 120 anos, Sorocaba começava um belo caso de amor que se mantém intenso até os dias de hoje, em plena era digital. Embora novos veículos de comunicação tenham ganhado espaço na sociedade, com o advento de tecnologias sofisticadas, o Cruzeiro do Sul, no formato tradicional, ou seja, no padrão impresso, persevera na missão de informar com qualidade e credibilidade. Aliás, é esse ideal que alimenta esse namoro longevo com a cidade. Namoro este que teve início no simbólico “Dia dos Namorados” -- 12 de junho de 1903.

De fato, trata-se de uma data significativa que merece continuar sendo comemorada com muito orgulho por nós, sorocabanos, porque nossa cidade é uma das poucas cidades do interior que conta com um veículo de informação pujante, autêntico, que trata a notícia com seriedade, porque respeita você, amigo leitor.

No fundo, essa relação saudável entre a cidade e o jornal se dá pela confiança que cada sorocabano deposita naquilo que lê, porque sabe que as informações passam longe do sensacionalismo. Pois, a internet, ao mesmo tempo em que democratizou o acesso à informação, tornou-se uma vitrine para postagens perigosas. Além disso, nas redes sociais, muitos confundem jornalismo com fofoca. Muitas “notícias” partem de fontes duvidosas, mas poucos verificam sua veracidade.

Desse modo, quem lê o Cruzeiro sabe que as matérias partiram de fontes seguras. Esse sentimento de confiança se renova com o avançar dos tempos, porque o noticiário acompanha o ritmo frenético de uma cidade que não para de crescer. Todos os dias, a vida sorocabana ganha notoriedade em suas páginas. Naturalmente, os fatos relevantes se tornam objeto de análise de quem se informa para formar opinião.

No entanto, ao fazermos um recorte histórico, podemos perceber o quanto o jornal foi se modernizando, a partir das inovações da indústria gráfica, além de muito investimento, por parte da Fundação Ubaldino do Amaral (FUA), sua mantenedora. No início do século passado, os jornais eram produzidos de forma rústica, ou seja, montava-se cada página numa tipografia (avó das gráficas), em que se compunha, numa chapa de metal, letra por letra, antes da impressão que, também, era rudimentar. O processo era moroso.

Depois, surgiu a linotipo, uma máquina gigantesca que usava chumbo quente para moldar as letrinhas, antes de serem impressas. Isso deu mais ritmo à produção. Mesmo assim, era muito trabalhoso e arriscado e, às vezes, acontecia uma “chumbada”, ou seja, o chumbo derretido, por estar em alta temperatura, esparramava e alguém podia se ferir.

O efetivo avanço veio com o computador, que eliminou a produção artesanal e reduziu etapas da montagem. Em seguida, as páginas ganharam cores, o que tornou a leitura mais agradável. Hoje, o Cruzeiro dispõe de um parque gráfico ultrassofisticado que garante maior agilidade à confecção de suas páginas, além de um layout agradável, algo que desperta o interesse dos leitores.

Ainda que a internet traga versões online dos jornais que circulam pelo País, nada substitui a leitura de um jornal impresso. Mas, há também a versão online para atender quem prefere a praticidade de ter o jornal na palma da mão, via aplicativos. Então, seja no formato impresso ou no digital, o leitor sempre se mantém atualizado. Todavia, estudos britânicos observam que a leitura digital é mais dispersiva. Em outras palavras, o formato virtual não promove a imersão, pois o internauta apenas “surfa” pelas páginas. Por isso, as novas gerações, tão afoitas ao virtualismo, têm dificuldade de concentração

E o material físico? Especialistas afirmam que a leitura de um jornal impresso exige maior concentração de nosso cérebro. Com isso, nos aprofundamos nos assuntos, algo que aumenta nossa capacidade de análise crítica e memorização dos assuntos focados. Assim, vida longa ao Cruzeiro do Sul!

João Alvarenga é professor de redação

João Alvarenga