Vanderlei Testa
Festa junina, trezenas e pipoqueiros
Os meses de junho e julho são diferenciados na cultura popular do Brasil. Se no Nordeste, em Caruaru, os festejos são uma atração nacional pelas danças e comidas típicas, no Sul do País, a mesma tradição das festas juninas é marcada por roupas gaúchas, botas e acompanhamento de sanfona ao paladar do chimarrão.
Em Sorocaba, por respeitar a festa realizada na vizinha cidade de Votorantim, os festejos foram esticados para o mês de julho. Outra novidade é a mudança da festa de Sorocaba do Parque das Águas para o estacionamento do Paço Municipal.
O que se observa nessas festas é a qualidade nas barracas e dos atrativos, como, neste ano, em Sorocaba, um circo montado no espaço, shows com artistas sertanejos e, principalmente, muitas entidades beneficentes com a finalidade de conquistar uma boa arrecadação nas duas semanas de comes e bebes típicos. Claro que, tudo por uma boa causa, manter a assistência social em nossa cidade.
Paralelamente às grandes festas, também é uma agradável realidade as festas juninas nas paróquias, como a do Santuário de Santa Filomena, chamada “Festa da Filó”. O casal coordenador, Edna e Antônio Castelhano, esmera-se, a cada ano, para proporcionar atrações que chamam a atenção dos paroquianos, com suas barracas tradicionais de bolinho caipira, churrasquinho e pastéis. Além das missas aos padroeiros Santo Antônio e São João, as novenas e trezenas ajudam os enamorados na busca dos parceiros.
Porém, uma tradição que sempre se faz presente em todas as festas juninas é o famoso carrinho de pipoca. A pipoca sempre foi uma iguaria popular que leva às pessoas a recordarem da infância, da vida escolar e dos cinemas, em que os pipoqueiros se tornavam amigos dos clientes.
Relembrando alguns dos pipoqueiros de Sorocaba, fiz uma pesquisa com os leitores sobre os carrinhos de pipoca e outros produtos típicos consumidos nesta época. O Antônio Cubas destacou o pipoqueiro Lauro, da Vila Hortência, como um dos mais experientes preparadores de pipocas salgadas. O Valter Mota acrescentou que o Lauro vendia muitas pipocas e água com groselha em garrafinhas de “Chocomilk”. Thydhe Gonçalves é um dos adultos que nunca se esquece do Guerino Tozzi, pipoqueiro em Santa Rosália. O José Luiz Coelho Gonzales é do tempo do carrinho de pipoca do Sérgio, nas ruas da Vila Assis. Também, no bairro Além Ponte, o Orlando, nos anos de 1970, atraia os frequentadores do Cine Eldorado com as suas pipocas e sagu. O conhecido pipoqueiro dos altos da rua Nogueira Padilha, “seu Zé”, vizinho da Elza Romano Muniz, que era sua freguesa todos os dias.
Nessa lista de apreciadores da pipoquinha, consta a declaração do Walcir Dabaque, que citou o Onofre, um pipoqueiro que descia a rua dos morros, gritando: “Pipoca com manteiga e molho”. Fato testemunhado pelo Ademir Stange, que constatou, na sua infância e juventude, a presença do pipoqueiro Onofre, no Grupo Escolar Senador Vergueiro e Cine Eldorado.
Juliana Matiello e Juliana Telles recordam da infância como alunas no Grupo Escolar Senador Vergueiro, comprando pipocas e sagu dos senhores Zinho e Orlando. Já, na escola do bairro Barcelona, o carrinho de pipocas do “seu Joaquim” era um dos mais conhecidos da criançada, dividindo com o “seu Chico”, da escola da Parada do Alto, a fama de serem os pipoqueiros mais famosos de Sorocaba. A Márcia Santos, do bairro da Árvore Grande, tinha a sua parada obrigatória no Miguel, que estacionava seu carrinho no largo da Igreja de Santo Antônio. Até um manjar delicioso fazia parte dos doces oferecidos ao lado da pipoca.
Nesse rol de memórias, Anderson Marques foi o primeiro leitor a se lembrar de uma mulher pipoqueira. É a dona Maria, que também vendia paçoca em frente ao CIC, em dias de jogos. Já o Heron Juca Atelman não se lembra do nome do pipoqueiro de sua juventude, mas se recorda do local, em 1980, na rua Moreira Cesar, que comprava pipocas com torresmo. O Armando, vendedor de pipocas, no Largo do Líder, em frente ao cinema, na Vila Santana, foi destacado pela Fátima Paes. A Rita Cintra, filha do pipoqueiro Paulo, que tinha ponto no Cine São José, no centro da cidade, disse que o carrinho do seu pai era o mais “chique” que conhecia. O casal José e Maria, no Centro Esportivo da Vila Gabriel, foi o escolhido da Sandra Corsi. Pipoca com molho de pimenta era a receita saborosa do pipoqueiro Aldo, para satisfazer a todos que frequentavam o Cine Líder nos finais de semana. Entre os que saboreavam pipoca com pimenta, estava o garoto -- hoje, adulto -- Marcos Antônio Sant’Ana. Para finalizar, Lembro que a Festa Junina de Votorantim continua até o dia 18 de junho. Em Sorocaba, a Festa Julina irá de 12 a 30 de julho. Com certeza, pipoca não vai faltar!
Vanderlei Testa ([email protected]) é jornalista e publicitário, escreve às terças-feiras no jornal Cruzeiro do Sul