O Dia dos Namorados, em 12 de junho, movimentará o comércio de Sorocaba, seja em lojas do centro da cidade, bairros ou shoppings. A mudança de comportamento dos consumidores e a falta de dinheiro poderão impactar as vendas de itens mais sofisticados. Com isso, haverá uma mudança de paradigma nas compras deste ano. “Isso pode gerar a busca por produtos mais acessíveis aos namorados, como oferecer uma “capinha incrementada” para o celular, relatou a vendedora de uma loja desse produto da rua Sete de Setembro.

Aliás, a rua Sete de Setembro tem, na sua história, lojas que registram importantes setores varejista e automotivo da cidade. Ainda hoje, depois de um século da abertura de lojas de segmentos variados, que vão de ferramentas agrícolas aos eletrônicos, essa via concentra nomes consagrados pelos sorocabanos. Fui pesquisar na rua Sete de Setembro e no centro da cidade, para escrever este artigo. Um dos exemplos é a loja Torres, considerada uma das pioneiras dessa tradicional rua. Esse estabelecimento oferece, há décadas, na sua especialidade de atuação elétrica, o que a população buscava encontrar nos bairros e não encontrava. Comparada pelos consumidores à rua Santa Efigênia, de São Paulo, a Sete de Setembro começa no final da rua Álvaro Soares e se estende até a praça Nove de Julho.

Os balconistas dizem que vendem mais produtos para o Dia dos Namorados quando é a namorada que compra. Na primeira quadra, há um grande magazine de roupas da moda, que expande em área pelas ruas Cel. Benedito Pires e Padre Luiz. Produtos chineses também são procurados, nesta época, por quem busca economizar. No meio de pequenos comércios de panelas, liquidificadores, há as lojas de capas de celulares, que faturam com as novidades. Na segunda quadra, a concentração maior é de eletrônicos, loja de fotografias e equipamentos musicais, com muitas opções de presentes aos enamorados. Conversando com a filha de um antigo proprietário, Lídia Alcoléa, fiquei sabendo que na rua Padre Luiz, próximo à Sete de Setembro -- ponto em que se misturam desde vendas de parafusos a carros seminovos --, que a Loja Bom Jesus, dos seus pais, começou nos anos de 1940.

Os pais da Lídia Alcoléa Garcia Marques foram os fundadores da Casa Bom Jesus, uma das tradicionais lojas de utensílios do centro de Sorocaba. O estabelecimento, que começou com vendas e oficina, nos fundos, onde estava localizado, na rua Padre Luiz, tinha como proprietários o senhor Antônio Fernandes Garcia e sua esposa, Antônia Alcoléa Garcia. Lídia recorda, também, do seu tempo de infância, na loja de sua irmã, Nena Ruiz, a Louvidro, da rua Sete de Setembro, que, inclusive, tinha uma pequena produção artesanal de pintura de porcelanas e de flâmulas.
O casal de aposentados Rubens Rolim Marques e Lídia Alcoléa Garcia Marques se recorda do comércio do centro da cidade. Em especial, Rubens, que cumpriu a rotina de trabalho em banco por 30 anos, tornando-se amigo dos comerciantes varejistas de Sorocaba que iam depositar o dinheiro obtido com as vendas do Dia das Mães e Dia dos Namorados.

Conversei com o comerciante Santo Martimbianco, de 83 anos de idade, e com o fotógrafo Teófilo Negrão, na sua loja da rua da Penha. Téo, como é chamado, disse que a loja nasceu com o seu pai, Lima Duarte, há mais de 60 anos, mantendo, no mesmo lugar, a fotografia 3x4 como prestação de serviços. “Infelizmente, atualmente, os namorados só fazem fotos com celular e não imprimem as imagens para guarda-las como lembranças”, lamentou Negrão. O Santo foi dono de um restaurante, na rua Sete de Setembro por mais de 30 anos. Santo disse que o comércio do centro da cidade sempre o atraiu, a ponto de, um dia, ser sócio do Carmona no restaurante da rua Cel. Benedito Pires e, posteriormente, abrir o próprio restaurante, o qual manteve por três décadas.

Entre os comerciantes, a expectativa para o presente do Dia dos Namorados se concentra, no segmento feminino, em produtos como botas, tênis, bijuterias, perfumaria e roupas. No segmento masculino, os eletrônicos, como celulares e games e produtos esportivos conquistam uma fatia maior de vendas às namoradas que desejam presentear seus namorados.

Lembrando que o Dia dos Namorados começou, no Brasil, em 1949, numa iniciativa publicitária do comércio da cidade de São Paulo para incrementar as vendas insuficientes no mês de junho, antes dedicado apenas às festas juninas. Em Sorocaba e Votorantim, mesmo com as festas juninas acontecendo, o Dia dos Namorados é uma boa oportunidade de aumento de vendas no comércio varejista, incentivado pelo Sincomércio de Sorocaba.

Vanderlei Testa ([email protected]) é jornalista e publicitário; escreve às terças-feiras no jornal Cruzeiro do Sul