Vanderlei Testa
Projeto Elevar está elevando a autoestima de crianças, jovens e adultos
Para ajudar o projeto, há uma feirinha de artesanatos com os produtos fabricados pelas mães
Os pais são exemplos aos filhos. Essa verdade é pronunciada pelos educadores em qualquer lugar do mundo. No Rio Grande Norte, em sua capital, Natal, o casal Maria Salete e Pedro Costa merece ser destacado pela educação que proporcionaram aos oito filhos. Maria Salete é professora aposentada e foi diretora de escola. Hoje está com 83 anos de idade e é um exemplo de vida. Pedro, um profissional especializado em contabilidade que educou os filhos com orientações éticas e de respeito. Uma de suas filhas,Verônica Maria da Costa Dantas, se recorda do pai desde quando ela era criança e recebia as palavras dele: -- “Mesmo que seja uma pequena moeda encontrada no chão, nunca fique para você, pois não lhe pertence”.
Um dos filhos, com 16 anos, já tinha sido aprovado em uma faculdade de engenharia. A sua genialidade, no entanto, o levou a pesquisar as melhores escolas do País. Encontrou o Instituto de Tecnologia da Aeronáutica (ITA) como referência no Brasil e exterior em primeiro lugar de ensino de engenharia. Mesmo com as dificuldades de onde morava, onde os oito irmãos dormiam no mesmo quarto, o jovem Eugênio passava horas sentado no chão com mais dois amigos para estudar visando ao dificílimo teste de ingresso no ITA. Com 19 anos, saiu de Natal e foi em busca da vaga, conquistada por sua vontade de estudar. Se formou, depois de anos dedicados integralmente ao estudo, e seguiu carreira, até que um dia aportou em Sorocaba.
Hoje, mora na cidade que o acolheu de braços abertos. Em parceria com uma irmã, Verônica, além de empreender na áreas de educação, comunicação e tecnologia, fomenta o Projeto Elevar, no Jardim das Magnólias. Verônica Maria é formada em Assistência Social e ocupa a presidência do Projeto Elevar, com apoio de uma equipe de voluntários.
Fui conhecer esse projeto e fomos acolhidos pela presidente Verônica e o Vitor Eduardo, do Rotary Club Boa-Vista, rotariano Mário Parducci, os voluntários Sérgio Carriel, João Marinho e Cláudio Melqui. Impressiona e toca os corações ver o movimento das crianças, dos adolescentes e adultos circulando nas salas e auditório. São mais de 500 participantes atendidos gratuitamente nas mais diversas atividades. Aulas de idiomas -- como inglês --, ensino de música por um maestro em aulas de flauta, violino, viola e percussão. Há atividades de futebol, basquete, capoeira, xadrez e muito ensino de empreendedorismo na área de informática e tecnologia.
A sede do projeto Elevar, que hoje utiliza as dependências da empresa dos irmãos Eugênio e Verônica, em breve, poderá ter outro endereço, em área já adquirida, com mais de 20 mil metros quadrados. Vi, também, as imagens do que deverá ser a entidade nos próximos anos. Cerca de 170 famílias são assistidas atualmente com cursos de reforço escolar, artes, esportes e cultura, além da inclusão digital e qualificação profissional aos pais. O projeto Elevar atende 69 bairros de Sorocaba na sede da entidade, localizada na Alameda Itália, 699, Jardim Magnólia.
Jakvan, um dos alunos atendidos na área da música, disse que “a música é a arte mais direta. Ela entra no ouvido, vai ao coração e manifesta-se na alma”. Outro garoto, contou que quando entrou no projeto, ele mudou a sua vida. Descobriu que tocava tambor muito bem. Também descobriu que dançava. O lugar onde está o projeto Elevar foi para ele um jardim de esperanças. “Amo muito tudo o que encontrei”, disse. Ele mora nas redondezas e vive falando aos seus amiguinhos que o Elevar é uma porta que abriu a sua vida. O aluno, chamado de Santos pelos colegas, desenhou uma porta aberta e ilustrou um folheto da entidade com a sua inspiração.
Para ajudar o projeto há uma feirinha de artesanatos com os produtos fabricados pelas mães. O guardanapo é um deles, totalmente pintado à mão e com bordados, mostrou Verônica. Outra atividade inusitada é a feirinha ao lado da entidade que reúne todas as sextas-feiras, a partir das 17h, 45 barracas para venda de produtos alimentícios e objetos artesanais. Foi mais uma forma encontrada pelo Projeto Elevar de elevar a autoestima das pessoas no empreendedorismo.
Verônica disse que “quando se inicia um processo de ajuda a uma pessoa, você é muito mais ajudado em todos os sentidos. O seu conhecimento faz a mudança do próximo. Quando você começa a fazer o bem, nunca mais para de participar e contribuir com os seus dons. Temos ex-alunos que aprenderam aqui e hoje são professores no projeto”.
Aline Tavarez, mãe de aluno manifestou: -- “Os meus filhos fazem dança, capoeira e outras atividades”. “Aqui na comunidade todos merecem oportunidades”, diz Verônica, convidando a população, empresários e entidades sociais a visitarem o Projeto Elevar, localizado na Alameda Itália, 699, no Jardim das Magnólias.
Vanderlei Testa ([email protected]), jornalista e publicitário, escreve às terças-feiras no jornal Cruzeiro do Sul