Vanderlei Testa
Dia Internacional da Mulher: coragem para agir
O Dia Internacional da Mulher a ser comemorado amanhã (8), teve origem em 1910, no movimento operário, e foi reivindicado por Clara Zetkin. Este momento histórico se tornou um evento reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU). Nestes 113 anos que se passaram, muitas águas desceram “rio abaixo” com as mudanças da sociedade mundial. Em 1911, pela primeira vez no mundo, as mulheres de países como Áustria, Alemanha, Suíça e Dinamarca, comemoraram com liberdade o Dia Internacional da Mulher. O Brasil, que nessa década assistia ao início da Primeira Guerra Mundial -- 1914 a 1918 --, nada pode celebrar, por conta de uma crise na economia. Consta nos arquivos de 1917 da imprensa brasileira que as mulheres fizeram a primeira greve trabalhista no País. O setor cafeeiro sofreu as consequências, resultando perdas, até então, não consumadas desde a Independência do Brasil.
Saindo do lado histórico do Dia Internacional da Mulher, destaco as entrevistas que realizei sobre essa data. Fernanda Monteiro é artista plástica em Sorocaba. Ela manifestou a sua opinião sobre o Dia Internacional da Mulher: “É a data em que se comemoram as conquistas femininas ao longo da história”. Fernanda enfatizou: “Essa data nos recorda que precisamos continuar lutando para que um número cada vez mais significativo de mulheres, efetivamente, faça valer os seus direitos, sejam ouvidas, respeitadas e representadas em nossa sociedade, ainda bastante marcada pelo sexismo”.
Perguntei a Fernanda, como ela vê o avanço das mulheres na sociedade, cultura e economia? Ela respondeu: “As mulheres, antes reclusas nos lares, não só conquistaram seu lugar nas universidades como são a maioria nos cursos superiores. Adquiriram direitos políticos, deixaram de ser subordinadas aos cônjuges, lideram famílias e empresas, ocupando lugares no mercado de trabalho considerados eminentemente masculinos em outros tempos. No entanto, ainda hoje são vítimas e inspiram leis e medidas protetivas contra violência de gênero. A expressão contemporânea “lute como uma menina” resume bem a força, a determinação e a atitude decisiva das mulheres que, não obstante a pressão, resistem, preservam seu espaço e avançam em direção à igualdade”.
A Ana Carolina Salvatti, empresária e vice-presidente da Associação dos Dirigentes Cristãos de Empresa (ADCE), respondeu que “o Dia Internacional da Mulher lembra que as mulheres têm voz”. Ela diz que é necessário ter diversidade no meio para que haja equilíbrio e complementariedade. Segundo Ana, diversidade e equidade de gênero não são apenas questão de direitos humanos, mas uma questão de business. Como diretora de uma entidade de lideranças empresariais, destacou que se deve fortalecer a ética e princípios cristãos na sociedade. Sobre as leis de proteção às mulheres, acredita que não haveria necessidade de tantas leis para valer o respeito ao ser humano e, em especial, às mulheres, que não devem ser vistas como “sexo frágil”, porque, na verdade, elas não são, pois a mulher é capaz de desenvolver diversos papéis na sociedade, como mãe, esposa, dona de casa, profissional e mulher. Ana Carolina destacou que na 16º edição do Global Gap Index, as mulheres ainda são minoria, ocupando apenas 37% dos cargos de lideranças no mundo.
Regina Carvajal, presidente da ADCE -- Núcleo Sorocaba, ponderou que a data dedicada às mulheres celebra muitas conquistas femininas. A luta pelos direitos das mulheres é como um alerta sobre os abusos sofridos por elas. Quanto aos avanços na sociedade, Regina diz que ainda precisa ser mais inclusivo, pois há pouca representatividade das mulheres nas lideranças. Quanto à desigualdade feminina, acredita que há necessidade de todas as pessoas serem avaliadas por sua competência, razão de haver preconceito velado e implícito em comentários e atitudes para com as mulheres. Como presidente de uma associação de dirigentes cristãos de empresa, Regina afirma o seu desejo para 2023, que é seguir o projeto “Coragem para Agir”. Para que isso aconteça, ela convida a todos os líderes, homens e mulheres, sorocabanas a se integrarem nessa proposta, participando como associado da ADCE. “Precisamos de mais respeito ao ser humano, e menos inversão de valores, afinal, atualmente, vemos um movimento onde as pessoas se sentem cobradas a serem máquinas e, cada vez mais, a indústria tentando criar máquinas que sejam humanas”.
Caroline Nequirito é sorocabana, trabalha como jornalista em uma rede nacional de televisão e é uma representante ativa entre as lideranças da mulher. A sua atividade profissional é feita com dedicação plena ao trabalho de levar a informação correta aos milhões de telespectadores, como está sendo o caso da tragédia provocada pela chuva no litoral norte à qual ela se dedica diariamente.
Vanderlei Testa ([email protected]), jornalista e publicitário, escreve às terças-feiras no jornal Cruzeiro do Sul