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Paulo Sérgio Bretones

Cometa verde passa perto da Terra 50 mil anos depois

O mais sensato é usar binóculos, que facilitarão a observação do visitante ilustre

01 de Fevereiro de 2023 às 00:12
Cruzeiro do Sul [email protected]
Cometa verde passa perto da Terra
Cometa verde passa perto da Terra (Crédito: DIVULGAÇÃO / NASA)

Há 50 mil anos, quando o planeta era habitado por neandertais e outras espécies primitivas, um cometa verde brilhante atravessava, pela última vez, o espaço sideral da Terra. Nos próximos dias, o fenômeno raro deve acontecer novamente e pode durar até um mês, chegando ao ápice entre hoje e amanhã (1º e 2 de fevereiro), quando estará mais visível.

Segundo informações de funcionários da agência espacial norte-americana, a Nasa, o cometa foi visto pela primeira vez em março de 2022, enquanto estava na órbita de Júpiter. “Os cometas são notoriamente imprevisíveis, mas, se este continuar com sua tendência atual de brilho, será fácil detectá-lo”, adiantou a Nasa, em seu blog, no início deste ano. O órgão também projetou a possibilidade de, especialmente quem estiver no Hemisfério Sul, observar o fenômeno a olho nu em céu completamente escuro, amanhã (2), quando ele estará mais próximo da Terra. Para facilitar a visualização, porém, recomenda-se utilizar binóculos ou telescópios.

O corpo celeste é chamado de C/2022 E3 (Zwicky Transient Facility: ZTF). A Organização Não Governamental (ONG) Planetary Society diz que, quando ele estiver mais próximo da Terra, estará a cerca de 42 milhões de quilômetros de distância.

O C/2022 E3, acredita-se, veio da Nuvem de Oort -- a região do sistema solar mais distante da Terra --, que é como uma grande bolha com inúmeros detritos gelados dentro.

Entre hoje e amanhã será possível observar o cometa verde com mais facilidade. Ele poderá ser visto a olho nu apenas se as condições forem bastante favoráveis, com céu completamente escuro, sem Lua e sem poluição luminosa. O mais sensato é usar binóculos, que facilitarão a observação do visitante ilustre. Além disso, é importante destacar que não é uma tarefa tão fácil achar um cometa no céu. Por isso, além de instrumentos (binóculos, telescópios, câmeras fotográficas), é interessante que as pessoas procurem um lugar distante dos centros urbanos, fugindo assim da poluição luminosa. Os observadores iniciantes, especialmente fotógrafos, devem apontar a câmera para a localização aproximada no céu, tirando fotos de longa exposição de 20 a 30 segundos.

Ao visualizar as imagens, possivelmente as pessoa notarão um objeto difuso e com cauda. Usando essa técnica, muitos estão conseguindo fotografar o cometa mesmo que não o vejam no céu.

Como já foi dito, a observação será mais fácil nos primeiros dias de fevereiro, mas, com uma melhor altura de observação a partir de 4 de fevereiro, na direção norte e abaixo da estrela Capela. Com o passar dos dias, o cometa será visto mais alto no céu e com mais tempo de visibilidade. Para observadores iniciantes, os astrônomos sugerem 10 de fevereiro, entre 19h e 21h, quando o cometa estará próximo ao planeta Marte.

Os cometas brilham graças a uma combinação da sua composição química e luz solar. Os cometas que passam perto do Sol são iluminados e aquecidos pela sua energia. Como resultado, as moléculas na sua superfície evaporam e ficam fluorescentes. As cabeças dos cometas brilham na cor verde quando contêm cianogênio ou carbono diatômico, de acordo com a Nasa.

Paulo Sérgio Bretones é professor titular do Departamento de Metodologia de Ensino da UFSCar