João Alvarenga
Burrocracia!
O cenário se agrava quando olhamos para a Saúde Pública, pois até a compra de medicamentos de alto custo para doentes terminais sofre com a insensibilidade de leis obsoletas

A burocracia é um dos principais problemas que afetam a administração pública brasileira, principalmente no que tange à prestação de serviços à população. Notícias, neste matutino, dão conta de que, às vezes, uma simples poda de árvore, por depender de critérios técnicos, torna-se algo moroso. Logo, as copas crescem e ruas ficam às escuras. Árvores que ameaçam residências também entram na fila. Até a troca de lâmpadas públicas recebem críticas, pois há dúvidas sobre quem deve efetuar o reparo: a CPFL ou a Prefeitura? Parece que os setores não se entendem.
Nem mesmo a Segurança Pública escapa desse processo penoso, já que o Boletim de Ocorrência nem sempre significa o esclarecimento do crime. Aliás, as queixas recaem, principalmente, sobre o modelo digital que, para muitos, não passa de mera formalidade que apenas toma tempo das vítimas, sem esperança de ver o caso solucionado. Na visão dos cidadãos, os registros se tornam apenas dados estatísticos.
O cenário se agrava quando olhamos para a Saúde Pública, pois até a compra de medicamentos de alto custo para doentes terminais sofre com a insensibilidade de leis obsoletas, enquanto pacientes aguardam por mudanças que agilizem tais aquisições.
Porém, esse assunto não é algo recente na vida pública de nosso País. Já nos idos dos anos 70, na novela “O Bem Amado”, de Dias Gomes, Odorico Paraguaçu, prefeito da fictícia Sucupira, pequena cidade baiana, via-se às voltas com inúmeras dificuldades burocráticas para inaugurar o cemitério local. Indignado, dizia: “É a ignorância que atravanca o progresso do Brasil!”
Na época, o bordão do personagem, interpretado pelo ator Paulo Gracindo, copiado por outros personagens de programas humorísticos da TV, tinha o objetivo de zombar do excesso de ações burocráticas que imperavam no serviço público do País, em que tudo dependia de carimbos e assinaturas.
Por fim, é bom frisar que essa praga não é exclusividade do Brasil. Para o escritor tcheco Franz Kafka, “a burocracia é um monstro acéfalo que causa prejuízos ao cidadão”.
João Alvarenga é professor de redação