Vanderlei Testa
Os ‘Natalxonados’ casaram no dia 25 de dezembro

Emprestei o título “Natalxonados” de uma série que assisti sobre o tema Natal. Creio que o Natal que se aproxima -- daqui a 12 dias --, é amor no seu simbolismo de fraternidade universal do nascimento do Menino Jesus. Uma data especial sem precedentes. O espírito natalino aproxima pessoas de famílias em crise, casais, pais e filhos, onde tudo brilha além das lâmpadas nas árvores e decorações. A luz verdadeira acende no coração de cada pessoa que deseja o bem do seu próximo.
O termo “Natalxonados” me fez lembrar dos apaixonados que buscam, no dia de Natal, manifestar o amor que une almas ou “a tampa e a panela” de suas vidas. Contando os anos no túnel do tempo, chego em 1939. Época difícil da segunda Guerra Mundial. Insegurança e medo do futuro estavam na mente da população. Em uma casa de Sorocaba, um casal de jovens sonhava com o casamento. Era o mês de dezembro que trazia pela fé a perspectiva de paz. Dia 25 tinha no convite das famílias de Nair e Sylvio, além dos cumprimentos pelo Natal, a celebração do casamento que os uniria até que a morte os separasse. Nas conversas da família, escolheram para ser pajem o menino Odilon Bueno de Oliveira e a daminha a Zilda Segamarchi. Dia 25 de dezembro de 1939, uma data histórica que hoje o neto Sílvio Rosa Santos Martins revive nos seus documentos guardados com carinho dos avós. Nas anotações, a lembrança de que os avós se conheceram ainda jovens. As coincidências ou providência divina programou a vinda a Sorocaba da mãe da mocinha Nair e de seus irmãos. Eles moravam em São Roque, cidade a 50 km de Sorocaba. Nair era telefonista na indústria têxtil Brasital. Além de ser uma adolescente bonita e inteligente, ela crescia e ganhava a admiração dos rapazes, como o Sylvio Rosa Santos. Um jovem determinado e elegante que frequentava a Escola de Comércio em Sorocaba -- hoje conhecida como Organização Sorocabana de Ensino.
Nas paqueras e namoro, no ano de 1937, surgiam do amor de Nair e Sylvio as promessas de noivado e casamento. Eram fiéis à religiosidade de suas famílias e o dia de Natal para eles significava a máxima bênção que poderiam receber no casamento. A Igreja de Santa Rita de Cássia, na Vila Santana, reunia os jovens, como eles, nas missas dominicais. Sob o som da música da Ave Maria os enamorados Nair e Sylvio fizeram jus ao título “Natalxonados” no Natal de 1939. A filha única do casal recebeu na pia batismal o nome de Antônia Maria Rosa Martins. Ela é a mãe do nosso entrevistado, Sylvio Rosa Martins. Sensível a tudo o que diz respeito à família, Sylvio relatou que a vida do avô em Sorocaba foi marcada por trabalho em prol da comunidade. Ele deixou um imenso legado de boas ações na cidade, tendo sido nomeado vereador em 1942. Homem simples e humanitário, Sylvio revestiu-se de misericórdia aos necessitados com as suas atitudes. Em 1947, no pós-guerra, os eleitores de Sorocaba o elegeram novamente para ser vereador. Essa sua garra e determinação, no entanto, desgastaram o seu corpo físico e, aos 39 anos de idade -- em 1955 --, veio a falecer.
O jornalista José Benedito de Almeida Gomes destacou os seus pais, Arthur de Almeida Gomes e Ottilia Chiezza Gomes, in memoriam. Eles se casaram na igreja da Catedral em 25 de dezembro de 1954, dia de Natal. Quem celebrou o sacramento do matrimônio foi o monsenhor Antônio Francisco Cangro (padre Chiquinho). Uma história de vida conjugal que marcou toda a família como exemplo de amor, contou José Benedito. A renovação das promessas matrimoniais foi oficializada na Catedral Metropolitana de Nossa Senhora da Ponte, 50 anos depois, a 25 de dezembro de 2004, em missa presidida pelo padre Tadeu Rocha Moraes e concelebrada pelo padre Genimar Moretto, da igreja de São Lucas.
Um casal de apaixonados, Ottilia e Arthur viveram 50 anos de casados até 2012, ano da passagem para o paraíso do pai do José Benedito e seus três irmãos, João Carlos, Maria Cristina e Arthur Júnior. Dona Ottilia foi se juntar ao marido em agosto de 2022. Eles deixaram como testemunho a vivência cristã da família Gomes, dedicando-se à evangelização católica.
O médico José Rubens Gurgel de Oliveira é filho de Arminda e José Gurgel de Oliveira. Eles se casaram no dia 25 de dezembro de 1943, no Cartório Civil. Na Igreja, o casamento foi realizado no dia 26, com as bênçãos divinas.
Vanderlei Testa ([email protected]), jornalista e publicitário, escreve às terças-feiras no jornal Cruzeiro do Sul