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João Alvarenga

Cortina de fumaça

25 de Novembro de 2022 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
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Num passado não muito remoto, a palavra “Maconha” era considerada um tabu entre as famílias e, se algum membro do clã recebesse a pecha de “maconheiro”, era sinônimo de problema. Logo, bastava o indivíduo portar uma mísera porçãozinha da ‘erva maldita’, para ser preso. Pois, havia, ainda, uma visão míope entre viciado e traficante. Assim, a repressão às drogas punha todo mundo no mesmo xilindró.

Pois bem, os tempos mudaram e a marijuana, antes reprimida, ganhou notoriedade. Está no centro de várias discussões acaloradas, além de aparições em filmes e séries que visam evidenciar sua presença no cotidiano, como se fosse algo natural, tal qual é o tabaco. Claro que os estudos recentes sobre suas propriedades medicinais não podem ser ignorados. Paralelo a isso, em alguns países, nota-se o oportunismo da indústria alimentícia que tenta impor, aos consumidores, o cânhamo até em forma de biscoitos.

O fato é que esse novo paradigma reformulou o olhar das autoridades (e da própria sociedade) sobre a questão das drogas ilícitas no país, já que o problema não é o viciado, mas os megatraficantes. Também não se pode ser ingênuo; afinal, quem consome dita as regras da velha ‘lei da oferta e da procura’; pois a dependência química não poupa ninguém, muito menos faixa salarial.

Diante desse cenário, há quem defenda a descriminalização do uso da maconha, como forma de inibir a ação dos traficantes, pois o governo seria o fornecedor. Até ex-presidente consta da lista dos que defendem tal tese. Especialistas alertam que alguns países tentaram essa estratégia, mas parece que não deu certo. Para refletir: será que o Brasil, com tantos problemas, tem estrutura para dar esse passo?

Além dos debates tomarem conta das redes sociais, simpatizantes da causa promovem marchas, como a que aconteceu, recentemente, em Sorocaba, ainda que o prefeito Rodrigo Manga tenha tentado impedir, por entender que se tratava de apologia às drogas. Todavia, a justiça não viu dessa forma. Por hora, leitores, esse assunto está sob uma espessa cortina de fumaça.

João Alvarenga é professor de redação.