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Vanderlei Testa

‘Enxergo da minha janela’, escreveu José Aleixo Irmão

11 de Outubro de 2022 às 00:01
(Crédito: Arte: VT)

 

O título “Enxergo da minha janela” foi extraído da crônica semanal que o saudoso jurista José Aleixo Irmão escrevia nas páginas do jornal Cruzeiro do Sul. Autor de livros históricos para perpetuar os acontecimentos relevantes de Sorocaba, como a obra “Nossa de Direito”, em dois volumes sobre a Faculdade de Direito (Fadi), e a revista “Obra Literária e Histórica”, que destacou no primeiro volume a “Loja Maçônica Perseverança III e Sorocaba”, escrita com objetivo de homenagear o centenário de fundação da instituição. O advogado Francisco de Assis Pontes relembra das suas aulas na Fadi, há 50 anos, quando o professor Aleixo ensinava economia. Outros volumes foram escritos pelo escritor e advogado José Aleixo Irmão, condecorado com a comenda da Polícia Militar -- medalha “Brigadeiro Tobias” --, no dia 7 de outubro de 1994, no Quartel do Comando Geral. Em 29 de outubro de 1972 foi condecorado com o título de “Cidadão Sorocabano”, há exatamente 50 anos.

Em 2009, Vanderlei da Silva, gerente do Serviço Social (SOS), membro da loja Maçônica e como aluno da Universidade de Sorocaba, apresentou um trabalho de tese de pós-graduação em Educação, versando sobre o tema “A participação da Loja Maçônica Perseverança III na Educação Escolar em Sorocaba: do final do Segundo Reinado ao final da Primeira República”.

José Aleixo Irmão foi uma das mais brilhantes mentes da cidade. Em 1992 lançou o livro com a biografia de Brigadeiro Tobias. Ele nasceu em 1912, na cidade de Nuporanga, na região de Ribeirão Preto. Cursou o primário nas Escolas Reunidas e o curso secundário em Batatais, 40 km da sua cidade natal, na escola dos padres Claretianos. O seu patriotismo se destacava na sua fase adulta, pois com 20 anos de idade, em 1932, se alistou no voluntariado da Revolução Constitucionalista de São Paulo, no Batalhão Arquidiocesano.

A história de vida de José Aleixo Irmão é digna de constar na trajetória brasileira dos ilustres educadores e mestres de generosidade humana. Ele se bacharelou em Ciências Jurídicas e Sociais na Faculdade de Direito da Universidade do Rio de Janeiro. Isso, em 1936, quando era muito difícil o acesso à universidade. Estudioso e competente, prestou concurso e ingressou como membro do Ministério Público Paulista. Na sua carreira vitoriosa trabalhou em Santa Rita do Passa Quatro.

Sorocaba tem uma presença especial no filho de Nuporanga. Foi em Sorocaba que José Aleixo Irmão assumiu a missão de Promotor de Justiça, contribuindo também com os seus conhecimentos como professor de Economia na Faculdade de Direito, onde permaneceu como mestre por mais de 15 anos. Hoje existe o “Instituto Cultural José Aleixo Irmão”, em Sorocaba. Ele também, foi sócio fundador da Academia Sorocabana de Letras. Ocupou a presidência de honra e a cadeira número um da entidade. A sua sabedoria o levou a ser um dos membros instituidores da Fundação Ubaldino do Amaral (FUA), sendo, com os seus irmãos da loja Perseverança III, um dos responsáveis pelo estatuto da fundação. Fez parte do primeiro Conselho Editorial do jornal Cruzeiro do Sul.

Certamente, o saudoso José Aleixo Irmão ficaria orgulhoso de acompanhar a iniciativa que levou a Fundação Ubaldino do Amaral a ser fundadora e mantenedora do Colégio Politécnico de Sorocaba, criado em 1999. Ele, como educador, escritor de obras, como “Euclides da Cunha e o Socialismo”, “Grandezas e misérias do júri”, “Nulidades do processo de Cristo”, “Enxergo de Minha Janela” e “Júlio Ribeiro e o Liberalismo em Sorocaba”, entre outras obras significativas que são imortalizadas na Biblioteca Municipal e Gabinete de Leitura, fazem parte da cultura sorocabana e do Brasil. Adriano Correa, autor da capa do livro “A Perseverança e Sorocaba”, me relatou o seu orgulho em criar a capa do livro.

José Aleixo Irmão faleceu em 28 de setembro de 2003, com 91 anos de idade. Lembrado em nome de rua em Sorocaba e, em inúmeras placas de homenagens em instituições, José Aleixo sempre terá o seu nome entre os notáveis da cidade. Ele constituiu a sua família com a esposa Maria José de Lima Aleixo, tendo os filhos Rosemarie, Margarete e o filho José Roberto. Viúvo, ele se casou com a senhora Mercedes Rossi Aleixo. São oito netos e quinze bisnetos. O seu neto Ricardo Aleixo conversou comigo sobre o avô José Aleixo, reafirmando as informações relatadas neste artigo, com textos do saudoso médico e amigo Mário Cândido de Oliveira Gomes, do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Sorocaba. Segundo o Ricardo, o seu avô é um modelo na sua motivação pessoal e profissional. Ele se orgulha de levar consigo o nome Aleixo e a descendência de um ser humano tão nobre em dignidade e testemunho de vida. José Aleixo Irmão é filho de Ana Cesarina de Paula e Francisco Aleixo de Almeida.

Vanderlei Testa ([email protected]), jornalista e publicitário, escreve às terças-feiras no jornal Cruzeiro do Sul