Vanderlei Testa
Carmela e sua história de 80 anos
Uma guerreira vitoriosa que traz em seus 80 anos, comemorados neste mês de julho, muita luz e paz
Quando nascemos, proporcionamos alegria à família. Roupinhas novas, mamadeira, fraldas, carrinho, bercinho e tantas outras providências de nossos pais. Em 1942, ano do aniversário da nossa homenageada, era diferente. Principalmente para quem morava em sítio ou localidades pequenas, como no caso dela, em Boituva. O parto, feito na própria casa, por parteiras amigas e sem muita estrutura de recursos materiais. Não havia as fraldas descartáveis. O varal da casa ficava repleto de fraldas de pano. Normalmente, as roupinhas do irmãozinho ou irmãzinha mais velha, ou de parentes, serviam agora ao recém-nascido. Acredito que foi assim no nascimento dos meus irmãos gêmeos. Triste só relembrar que, como anjinhos, o Júlio e o Ernesto partiram logo que nasceram.
A família do meu pai teve uma “irmandade” com mais de 10 irmãos. Os meus avós tinham uma “fabriquinha” italiana de gerar vidas. Uma das irmãs, a Albina Testa, nasceu nessas circunstâncias, na colônia rural em Piracicaba. Tudo na simplicidade, mas com amor manifestado no ventre e colo materno da mama Vitória e do papai Giuseppe. A menina bebê de olhos claros, Albina, era saudável e cresceu com os irmãos que chegaram nos anos posteriores para completar a sua numerosa família de descendentes italianos. Mocinha bonita e com sorriso encantador, a Albina arranjou namorado. O vizinho Silvio Bizan, elegante entre os da sua geração, paquerava a mocinha Albina nos bailinhos da colônia de trabalhadores rurais. O resultado é que eles ficaram noivos e se casaram na igreja de Piracicaba.
A jovem Albina foi generosa em gerar os seus filhos com o amor recebido de seus pais. Uma nova etapa acontecia com a geração da Albina Testa e do Silvio Bizan. Uma das suas filhas foi a Iolanda, registrada no cartório como “Orlanda”. Nunca ouvi ninguém chamá-la assim. Quando eu era criança, me lembro dela na casa dos meus pais. Depois, já jovem e adulto, eu recordo da Iolanda e do Fernando, seu marido, com os seus filhos maravilhosos, que visitavam a minha casa. Ficará para sempre na minha lembrança a família feliz dessa geração, que emigrou da Itália para o Brasil e que permanece em nosso coração.
Umas das filhas da Iolanda, a menina que nasceu em Boituva, com o nome de batismo de Carmela Bizan Franco, traz à memória a minha mãe Carmelina. O mesmo nome abençoado em duas mulheres fascinantes na minha vida.
A prima Carmela acabou sendo conhecida e chamada por Carmem. É a ela que dedico este artigo no jornal Cruzeiro do Sul. Uma guerreira vitoriosa que traz nos seus 80 anos, comemorados neste mês de julho de 2022, muita luz e paz. A filha dela, Sandra Franco Melo, organizou uma recepção deliciosa no dia 17, reunindo a família em um almoço festivo. As oito décadas de vida da Carmela serão inesquecíveis para cada convidado. É como se o ar desse dia tivesse sido purificado no ambiente com a brisa da sua vida maravilhosa. Cada detalhe da decoração, das imagens fotográficas registradas, da alegria manifestada no canto dos parabéns, o corte do bolo e o apagar as velinhas com o sopro de vida da Carmela resumiam as 80 primaveras da sua existência. Pura poesia celebrada pelo casal Carmela e Luiz Franco, que completaram 57 anos de casados. Eles moram em Sorocaba e participam da Comunidade da Paróquia de Santo Antônio. O testemunho de vida do casal é um exemplo a ser seguido.
Carmela tem uma filha, a Sandra, casada com o Maurício e mãe do Luiz Antônio. No encontro familiar dos seus 80 anos, vieram celebrar a data os seus seis irmãos, Mário, João, Silvio, Maria Aparecida e Albina Bizan. Eram oito irmãos -- o Antônio Bizan e a Elza Bizan Zambianco já faleceram. Convivi com todos eles em suas visitas aos meus pais. Eles vinham de São Paulo, Piracicaba e, mesmo de Sorocaba, onde morava a Elza.
Nas palavras da filha, Sandra, a eterna gratidão: “Mãe querida! Parabéns pelos seus 80 anos de vida. Não canso de ouvir seus ensinamentos. Obrigada por ser essa pessoa guerreira que cuida com tanto amor e carinho do pai e se preocupa com cada um de nós. E, todos os dias, têm uma palavra de encorajamento e fé. Peço a Deus neste dia tão lindo, que nunca falte alegria e amor em seu imenso coração. Eternamente, receba a minha gratidão e meu infinito amor”.
Vanderlei Testa ([email protected]), jornalista e publicitário, escreve às terças-feiras no jornal Cruzeiro do Sul