Hoje, dia 19, falta apenas um dia para o Dia do Amigo ser lembrado em milhões de mensagens nas redes sociais. A amizade ainda é uma das maiores riquezas do ser humano. Dinheiro nenhum paga a fidelidade de amigos. Henrique Ernesto Febrerro é o idealizador do Dia do Amigo. A inspiração foi à chegada do homem à Lua, em 1969. Para o Ernesto, a presença humana em outra dimensão do universo fortalece no futuro a amizade com outros povos. Finalmente, em 1970 ele viu o seu sonho realizado. No Brasil, somente em 1990 aconteceu a participação dos amigos enviando cumprimentos, mas a comemoração vem crescendo desde então.

A Organização das Nações Unidas (ONU) oficializou o dia 30 de julho como Dia Internacional da Amizade visando instituir a amizade entre os povos em um esforço na busca da paz.

Um dos meus primeiros amiguinhos de infância foi o Cláudio Petruceli. Um dia ele atravessou a rua em frente à minha casa e foi atropelado por uma motocicleta. Perdeu a vida antes dos seus cinco anos de idade. Nestas décadas de existência tenho agradecido por tantos amigos conquistados. Conforme vamos participando de escolas, trabalho, comunidades, conhecemos mais pessoas e muitas acabam por fazer parte da nossa história. As crianças da rua em que moramos na infância integram a memória que guardamos, como o Paulo Coelho de Oliveira, Nei Mathiazzi, Vanderlei Gomes, Armando Coló Filho e Rubens Fusco.

Vivo procurando nas redes sociais os nomes de amigos de infância. Pessoas que sumiram com os seus pais em mudanças de cidade. Acabei criando uma página no Facebook denominada “Amigos de Além Ponte”. Uma foto com os amiguinhos do pré-primário com a professora Cecilia estampa a capa em destaque. Todos fomos coleguinhas de classe. Creio que não foi só eu quem perdeu o contato com eles. Reconheço um ou outro pela fotografia e busco manter a amizade que nasceu em sala de aula. Há uma riqueza humana de lembranças que certamente ressurgiria com um encontro dessa turminha. A identidade de cada aluno na imagem é desconhecida nos dias atuais. Recordo do Jorge, um japonês filho do dono de uma lavanderia, do Bagatin, do saudoso Valdir Morbiolo eu consigo relembrar pelo rosto na foto. Quem sabe, com esta publicação, os próprios alunos ou os seus familiares possam conhecê-los e nos ajudar na busca de seus nomes e onde moram.

A cidade dos aviões e do Instituto Tecnológico da Aeronáutica, São José dos Campos, foi à escolhida pelos pais para o bebê Henrique nascer. Lá no distante mês de março de 1974, há 48 anos, vinha ao mundo Henrique Alves Biffi. Conheci um pouco da sua história quando um dia, em Sorocaba, precisei fazer um reparo na lataria do meu carro. Isso há uns sete anos. A sua oficina ficava na avenida Engenheiro Carlos Reinaldo Mendes. Na nossa conversa houve uma sintonia de ideais de vida comunitária. Surgia ali uma amizade que perdura até hoje.

Henrique e sua esposa, Patrícia, são pessoas iluminadas pela generosidade. Um dia, comentei com eles sobre as necessidades da Santa Casa em obter ajuda da Pró-Vida através de seu projeto humanitário que realiza em Sorocaba e no mundo. Como integrantes dessa entidade, foram entusiasmados em encaminhar as orientações para que o pedido chegasse aos canais competentes. Eu tinha visto em uma associação beneficente uma placa com os dizeres: “A Pró-Vida passou por aqui” e pensei que poderia passar também na Santa Casa. Passou um tempo e a concretização aconteceu para o hospital. Foram muitos itens doados em equipamentos. Graças à ação de apoio do Henrique, o “Salve Santa Casa” foi beneficiado.

Uma pessoa do bem e abençoada com o dom de ser amigo de centenas de integrantes das comunidades em que atuava, o Henrique agora enfrenta um novo desafio com o diagnóstico de Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA). O amigo João Marcos Andrietta também foi diagnosticado há 12 anos com a enfermidade. O considero um guerreiro na fé e modelo de ser humano. O técnico Tite o homenageou com uma camisa do Corinthians.

Em uma manifestação recente os amigos do Henrique o homenagearam por sua vida exemplar e amizade (foto). Neste mês de julho, quando celebramos o Dia do Amigo e o Dia Internacional da Amizade, dedicamos estas datas ao Cláudio, Henrique e ao João Marcos Andrietta como símbolos de determinação e amor à vida, entre milhares de portadores da ELA.

“Eu vos chamo amigos”, disse Jesus no Evangelho de João 15,12-17

Vanderlei Testa ([email protected]) é jornalista e publicitário. Escreve às terças-feiras no jornal Cruzeiro do Sul