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Vanderlei Testa

O túnel assombrado do Quinzinho de Barros

Considerado o maior zoo do Estado de São Paulo e um dos mais belos do Brasil o "Quinzinho de Barros" é um exemplo de preservação animal na América Latina

12 de Julho de 2022 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
(Crédito: ARTE: VT )

 

Há quanto tempo você não frequenta o Parque Zoológico Quinzinho de Barros? O Parque teve origem há 54 anos, com a sua inauguração após a doação da área pela família Prestes de Barros. Nas festividades da celebração do Jubileu de Ouro, em 2018, só faltou convidar as famílias dos descendentes de Quinzinho de Barros, o capitão Joaquim Eugênio Monteiro de Barros. Era fazendeiro e proprietário da área onde fica o casarão que servia como residência da família. Ele se casou em 18 de janeiro de 1896 com Hortência Ferreira, filha única do coronel José Ferreira Prestes.

A área de 130 mil metros quadrados do Parque Municipal Quinzinho de Barros é um patrimônio público que orgulha a cidade de Sorocaba. A mata virgem, o lago e o espaço destinado aos animais e circulação de visitantes enchem os olhos e fazem brilhar o pensamento das crianças com as suas andanças no parque. Elas se divertem e animam os pais em tardes ensolaradas com a luz solar que irradia em meio às folhagens verdes das árvores frondosas. Considerado o maior zoo do Estado de São Paulo e um dos mais belos do Brasil o “Quinzinho de Barros” é um exemplo de preservação animal na América Latina. Ele foi inaugurado em 20 de outubro de 1968. Existem mais de 1.500 animais no recinto, alimentados e vivendo sob a orientação técnica de profissionais em veterinária.

Um cartão postal de Sorocaba, o Quinzinho de Barros está no coração de um dos netos do capitão fundador. É o médico Bayard Nobrega de Almeida Júnior, filho de Hortência Ferreira Prestes. Ele nasceu e cresceu na Vila Hortência. Américo Garcia Mayoral tem a sua vida e memória de infância e juventude no parque Quinzinho de Barros. Ele relatou que passeava de bote de remos no lago. Descendente de espanhóis, Américo se lembra do seu estudo no curso primário no casarão, com a professora Maria Prestes de Barros. A Inês Tanze contou que os avós eram espanhóis. Ela se lembra de que antes do parque ser zoológico, o tio do seu pai foi administrador da chácara da família do Quinzinho. O Dineo Silvério disse que é neto de José Benitez, espanhol que imigrou a Sorocaba. Ele relata que estudou no Grupo Escolar Quinzinho de Barros, em 1955. A curiosidade dessa época do casarão, diz Dineo, é a “assombração” nas noites escuras do parque. Tinha um túnel na sala dos professores, feito pelos escravos, com taipa nas paredes de um metro de largura. Outra recordação da sua fase de estudos é o pé de manga rosa ao lado do casarão escola. “Na hora da fome, os alunos iam pegar manga, pois não havia lanche. O perigo acontecia quando as crianças ‘matavam aula’ e buscavam as águas do lago para nadar”.

Luiz Alberto Berlim foi à inauguração do Parque Municipal Zoológico Quinzinho de Barros. Ele tinha 12 anos de idade e a família Prestes de Barros estava presente no evento, recebendo as merecidas homenagens pela concessão dessa área ao lazer da população. Geraldo Cavalheiro nadava na piscina do Quinzinho. Um tempo maravilhoso que também foi vivenciado pelo pai do Edson Fernandes de Freitas. Eneas Finessi citou a presença de um grupo chamado “Aqualoucos” em exibição nas águas da piscina. Douglas Gomes passou a sua juventude com os filhos do José Francisco de Barros, irmão do Quinzinho. Os jovens moravam na rua Santa Maria e o Douglas na rua Teresa Lopes. Iam nadar e passear de barco no lago. Foi uma convivência de anos com o Antonio Carlos de Barros “Toneca” e o primo Tote. Olívia Ortiz morava na rua Theodoro Kaisel. Ela lembra que chegava a ir com os primos, durante a infância, para ver o casarão “assombrado”. Eles se escondiam no túnel que as pessoas chamavam de “passagem secreta da marquesa de Santos”. Havia ursos em espaços cercados com grades. Como crianças, desconheciam o perigo e andavam nas grades do recinto dos animais. Com cinco anos de idade, Olívia um dia recebeu uma batida na testa e levou pontos na cabeça. A partir desse dia foi proibida pela mãe de voltar sozinha ao parque. Ela tem orgulho de citar que o seu padrinho chamava o Quinzinho de Barros de tio. Todos são unânimes em valorizar esse espaço e a família Prestes de Barros como tradicionais membros que precisam ser lembrados na história destes quase 55 anos da inauguração do Parque Municipal e Zoológico Quinzinho de Barros.

Vanderlei Testa ([email protected]) Jornalista e Publicitário escreve às terças-feiras no jornal Cruzeiro do Sul