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João Alvarenga

Indústria sertaneja

08 de Julho de 2022 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
(Crédito: ILUSTRAÇÃO: LUITZZ TERRA)

Os fãs do novo sertanejão que me perdoem, mas noto que o gênero passa longe daquilo que foi a autêntica moda de viola que, até anos 80 e 90 perdurou nas canções. Os mais antigos de Sorocaba sabem do que estou falando. Mas, qual o motivo da queixa, se tá bombando nas baladas? Simples: quem se dispõe a analisar as letras, fica com a impressão de que saíram de uma fábrica de produção em série, pois são todas iguaizinhas, com pequenas mudanças de sinônimos, aqui e ali, e ponto final! Ou seja, o tema é sempre o mesmo: “apologia à cornice”.

Como assim? Explico: ou o cara foi traído, tá traindo ou trairá! A única diferença é que, agora, pelo “femenejo”, a mulherada paga com a mesma moeda. Mas, a vida não é só isso! Há outros assuntos que deveriam ser explorados por essa geração. Será que falta criatividade? Resposta: os letristas se tornaram reféns da “Indústria Sertaneja” que vende como água! Porém, a questão não fica só nas letras. Os arranjos são idêntico. Reparou que todos têm a mesma performance? Entre os homens, os caras mais choram do que cantam, enquanto as mulheres querem ser Marília Mendonça.

Um exemplo é a iniciativa do Faustão que, na Band, lançou o concurso “a mais nova voz sertaneja do Brasil!”. Mas, a escolha é difícil, pois todos cantam repertório idêntico no mesmo timbre. Como a ideia é só ter uma atração a mais para preencher a semana, serão as “faustinas” do auditório que darão o veredito.

Portanto, Benedito, ficará o dito pelo não tido! Ou seja, qualquer um será o melhor ali, desde que cante a “musiquinha chicletes”, ou seja, aquela que mais colar na galera. Pelo que sei, a brincadeira está só no começo. Quem gosta do gênero acompanhará o certame, na esperança de que relembrem Chitãozinho e Xororó, Duduca e Dalvan, Pena Branca e Xavantinho, entre outros.

Para finalizar, isto não é uma crítica, mas mera constatação de quem cresceu ouvindo música raiz e espera que novos ventos soprem sobre o gênero. De preferência, brisas rurais. Porque as urbanas estão poluídas!

João Alvarenga professor de Redação e cronista!