Vanderlei Testa
Na casa da avó pode tudo
Viver com a avó Victória foi uma das experiências de vida mais gratas que Deus me proporcionou
Em maio a mulher foi destacada no Dia das Mães. No dia 13, como a data das aparições de Nossa Senhora em Fátima, Portugal. Maio é o mês do aroma de rosas, perfume que deixa o ambiente florido exalando o amor feminino no mundo. Nesta terça-feira, dedico uma homenagem especial às mulheres avós. Figura materna que em vida aconchegou como mãe os nossos pais. Rosa Madalena Modolo Macari é a minha avó materna. Ela veio viver no Brasil como filha de imigrantes italianos, ainda com três anos de idade. Cresceu em Piracicaba, onde morou até o final da sua vida. Na minha infância quando minha mãe ia visitá-la eu me lembro da vovó com o seu corpo franzino e uma luz brilhante no olhar. Era uma santinha real, acolhendo com generosidade as suas seis filhas e três filhos. Uma imagem na memória dos meus sete anos de idade marcada como uma pintura de cores vibrantes. A casa onde meus avós moravam se tornava um jardim repleto de flores com a presença dos filhos. No anoitecer, eu pedia a benção à vovó. Li esta semana o livro de memórias da família Modolo, escrito pelo primo José Luiz Modolo, residente em Piracicaba. Encontrei na obra as fotos da avó Rosa e do avô Ferrucio naquele quintal que abrigava as minhas brincadeiras de criança. Emoções!
A avó paterna, Victória, morava na casa onde nasci em Sorocaba, na Vila Hortência. Até os meus nove anos, a sua presença de nona italiana falando o seu idioma da Comuna de Cadognhe, da Itália, dava o tempero napolitano às polentas que ela fazia no fogão a lenha. Viver com a avó Victória foi uma das experiências de vida mais gratas que Deus me proporcionou. No porta retratos, o seu rosto permanece vivo no meu coração que a amava como criança e, hoje, como adulto.
Ivy Ferrari Gerenutti é filha da Maria Inês Ferraz, a mãe e avó que transmite serenidade e amor ao neto Mateus. Ivy manifestou à sua avó materna, Nair, palavras de carinho que sensibilizaram a mim e às suas amigas e amigos. Ivy disse: “Fazendo pesquisas sobre o Dia das Mães, procurando músicas, fotos antigas, me deparei com uma imagem que tocou o meu coração. A minha avó materna, Nair, e o meu filho Mateus, quando ele ainda não tinha nem um ano de idade”. (foto)
“Ela, como eu, não gostava de tirar fotos, então é provável que eu tenha tirado escondida. A minha avó era mais do que avó. Ela dividia, no meu coração, o espaço que tenho aqui dentro pros maiores amores da minha vida. Minha avó era, pra mim, uma espécie de anjo. Chamava-me de ‘filha’, me acolhia e dava colo, mesmo depois de adulta. Ela acreditava em mim, me fazia sentir amada e protegida. Ela era uma mulher extremamente forte. O meu apreço por abraços e por quem se entrega num abraço vem dela. Era o melhor do mundo. Minhas sobrancelhas grossas e meu gosto pela culinária também vieram dela, assim como a facilidade em ficar roxa por qualquer esbarrão, a teimosia e o hábito de falar sozinha. Quando ela se foi, me deixou um pouco órfã. A saudade até hoje maltrata. Ainda não sei lidar com a falta que a minha vovó Nair me faz. Vou amar minha avó enquanto eu viver”.
Neusa Maria Tuzino se orgulha dos três netos meninos. O Theo com um ano, Noah, cinco anos, e o Lucca, dois anos. Neusa é uma avó “coruja” que ama estar com as crianças em seu apartamento. Os meninos dizem que “na casa da avó podem tudo”. “E podem mesmo”, disse a Neusa.
Quem tem jovens netos apaixonados pela vida é a vovó Meire Pavlovsky. A elegância, carinho e manifestações aconchegantes da avó Meire fazem parte da história da Taís e Fernando, filhos da Tânia Pavlovsky.
Lúcia Gemente é a avó que comemorou os seus 95 anos em maio, cercada pela presença da família. Atuante na paróquia de São Benedito, a vovó Lúcia tem na sua rotina diária as orações pelos netos.
Lauren Ribeiro traz no coração as lembranças do seu convívio desde criança com a vovó Amélia Ribeiro. Sempre juntas na mesma casa, passou a sua vida com a irmã Kátia, ao lado da mãe, Catarina, pai, Raul, e vovó Amélia. Durante anos, eu pude acompanhar o amor dessa família que cuidava da avó com gestos afetuosos.
Silvio Rosa Santos Martins disse que a sua avó Zilda Monteiro Queiros foi a primeira mulher a votar em Sorocaba. Voluntária na Revolução Constitucionalista de 1932, a vovó Zilda mantinha a sua liderança e o afeto dos filhos. O neto Silvio se recorda que ela adorava fazer crochê, orar e ensiná-lo a fazer diariamente as preces ao anjo da guarda. Zilda morava na rua Santa Maria, na Vila Hortência.
A Nilcéia Barbosa disse que a sua avó Bárbara deixou muitas saudades em seu coração. Uma avó maravilhosa, que estará eternamente na sua lembrança de vida. Maria Nazareth Vial Rosa expressou assim o seu sentimento pela avó: “Minha nona Bimba foi muito presente na minha vida em todos os momentos. Ela morava em uma linda casa em Votorantim”.
Marisa Venâncio disse que a sua avó Olívia deixou um ensinamento que ela nunca se esquece: “O que é seu é seu, o que é dos outros, é dos outros”. Antonio Tabajara Dias destacou: “A minha avó Maria del Sole Basile me trouxe ao mundo e aos seus 21 netos como parteira. Todas as suas filhas deram a luz por suas mãos abençoadas. Saudade dela e do meu avô Giuseppe. Era chamada de “vó linda”. Paulo Alvares contou que a sua avó Cecilia faz parte da sua vida. Quando ele era criança, passava as tardes na chácara onde ela morava. “Tinha chá de hortelã, erva cidreira, bolinho de chuva e um balanço gostoso para uma soneca”.
Vanderlei Testa ([email protected]) é jornalista e publicitário; escreve às terças-feiras no jornal Cruzeiro do Sul