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Sorocaba

Liberados há 11 meses, rodeios ainda polemizam

29 de Maio de 2022 às 00:01
Wilma Antunes [email protected]
Projeto aprovado em julho de 2021 mobilizou manifestantes a favor e contra.
Projeto aprovado em julho de 2021 mobilizou manifestantes a favor e contra. (Crédito: FÁBIO ROGÉRIO (22/7/2021))

 

A volta dos rodeios em Sorocaba ainda é considerada um dilema. Se, por um lado, os defensores da causa animal se opõem à regulamentação da prática, por outro, agentes políticos acreditam que a atividade pode fomentar o turismo municipal e gerar receita. A lei de número 12.326 -- de autoria do vereador Vinícius Aith (PRTB) e sancionada em 2021 -- também divide opiniões entre a própria população.

Embora a nova norma esteja em vigor desde julho do ano passado, nenhum rodeio foi realizado no município. Segundo a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Proteção e Bem-estar Animal (Sema), ainda não houve solicitações para de interessados em promover esse tipo de evento.

Em janeiro deste ano, a Procuradoria-Geral de Justiça do Estado de São Paulo, órgão máximo do Ministério Público estadual (MP-SP), entrou na Justiça para inviabilizar a lei. A ação foi protocolada em dezembro de 2021. O pedido é assinado pelo procurador-geral, Mário Luiz Sarrubbo.

Apesar das polêmicas em torno do assunto envolvendo maus-tratos e crueldade aos animais, a Sema esclareceu que é responsável pela fiscalização dos rodeios, conforme determina a legislação. Além disso, a pasta ainda destacou que a entidade promotora desses eventos deverá respeitar todas as normas vigentes no que se refere a cuidados, transporte e o trato com os animais, “visando sempre o bem-estar desses seres”. Para a Prefeitura de Sorocaba, a regulamentação da volta dos rodeios melhora o cenário econômico da cidade.

Entre os pontos positivos, a administração municipal ressalta a movimentação de setores como turismo, hotelaria e gastronomia. O mesmo argumento também é defendido pelo autor da lei, que cita exemplos como Jaguariúna e Barretos, que movimentam anualmente, em média, R$ 20 milhões e R$ 900 milhões, respectivamente.

O comerciante Bruno Luiz, 34 anos, concorda com a volta da realização de rodeios na cidade. Para ele, o evento será um diferencial na região. Além disso, também destaca que o retorno da prática traz para a população mais uma opção de entretenimento. “Acredito que seja uma boa alternativa para estimular o turismo em Sorocaba. Eventos desse tipo sempre têm shows e chamam a atenção das cidades vizinhas. Não acho que os animais vão ser maltratados. É claro que a fiscalização tem que ficar em cima”, disse.

Já o analista de suporte Gabriel Bruder, 24 anos, não compartilha dessa opinião. Preocupado com o sofrimento dos animais, o jovem também pontua que o dinheiro público destinado à realização dos rodeios corre risco de ser desviado. “Rodeio com boi, para mim, não tem como! Estão fazendo os animais sofrerem, coitados”, comentou.

Aposta arriscada

Geraldo Almeida, professor de economia, considera a volta dos rodeios “arriscada”, pois a população pode não receber bem a proposta. Para ele, seria mais interessante resgatar a cultura tropeira de Sorocaba e traçar planos para apresentar a história ao público de forma atrativa. “O tropeirismo, por si só, trabalha bem o suficiente para alimentar toda essa cadeia de turismo. A indústria de rodeio já é consolidada em alguns locais, a gente pode ser ‘só mais uma cidade’. Tem que avaliar muito bem os benefícios e os malefícios”, ponderou.

O economista ainda destacou a importância da exploração de novos meios para estimular a economia, mas entende que existem outros caminhos para isso. “Esse pode ser um momento de reflexão para a cidade”, concluiu. (Wilma Antunes)