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João Alvarenga

Laços históricos

Crônicas sorocabanas

27 de Maio de 2022 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
(Crédito: ILUSTRAÇÃO: LUITZZ TERRA)

Há exatamente 134 anos, a Princesa Isabel sancionou o decreto nº 3.353, aprovado pela Assembleia Geral, que punha fim à escravidão no Brasil. É notório que assinatura da “Lei Áurea” faz parte da História do nosso País, pois setecentos mil escravos ganharam a liberdade.

Porém, os leitores mais antigos devem ter estranhado o silêncio da mídia em torno do dia 13 de maio. Salvo engano, não houve uma simples nota nos jornais. Nem mesmo as emissoras fizeram uma menção à efeméride. Até as escolas ignoram a data que, no passado, tinha o status de feriado nacional, com direito à declamação de poesias alusivas ao fato.

Aliás, por ironia do destino, o nome da princesa foi citado numa matéria que envolvia a limpeza da “cracolância”, em São Paulo, já que centenas de viciados ocupavam a praça que leva o nome daquela que, no passado, libertou os negros de mãos opressores e, hoje, lamentavelmente, remete à escravidão. Ou seja, a escravidão do vício.

Logo, uma pergunta é inevitável: qual o motivo de tamanho desprezo para com a nossa história? O “21 de Abril” passou sem que a figura central do feriadão fosse lembrada. Aliás, há tempos que Joaquim da Silva Xavier, o “Tiradentes”, perdeu o título de “herói”. Explico: muitos historiadores contestam tal envergadura. Todavia, essa visão não é unânime, pois nosso país carece de bons exemplos.

No entanto, sobre o descaso para com as figuras históricas, alguns críticos observam que, no mundo todo, há um movimento de revisão histórica, como uma espécie de expurgo, numa tentativa de recontar a história, embora isso não corrija as injustiças anteriores. E tem mais: quando negamos o passado, há o risco dos erros se repetirem no futuro.

Claro que a “Lei Áurea” não pôs fim ao racismo que, infelizmente, também é histórico; por isso, sempre deve ser combatido. Tanto que o “Dia da Consciência Negra” marca a luta em favor da igualdade racial. Para finalizar, ainda dá tempo de reatarmos nossos laços históricos. O bicentenário da Independência será boa oportunidade.

(*) João Alvarenga é professor de redação e cronista